Dados do Trabalho


Título

SINDROME DE BOERHAAVE COM TRATAMENTO CONSERVADOR

Introdução

A Síndrome de Boerhaave é definida como uma ruptura completa da parede esofágica secundária ao aumento repentino da pressão esofágica intraluminal, mais comumente após vômitos persistentes. A ruptura espontânea é incomum e apresenta 15% de todas as rupturas esofágicas. Apresenta-se como quadro clínico grave em decorrência de complicações associadas como mediastinite e sepse. O desafio estabelece-se pelo diagnóstico tardio e por muitas vezes ser confundida com doenças igualmente graves, entretanto mais prevalentes como pancreatite aguda e infarto agudo do miocárdio. A seguir relataremos caso de paciente que foi optado por manejo conservador.

Relato de Caso

Masculino, jovem, usuário abusivo de bebida alcoólica e cocaína, que após uso de entorpecentes no dia anterior, iniciou com dor abdominal intensa, associada a náuseas e hematêmese, após inúmeros episódios de vômitos. Foi atendido em unidade de baixa complexidade e referendado à Santa Casa de Porto Alegre por abdômen agudo. Ao exame clínico apresentava-se estável hemodinamicamente, com enfisema subcutâneo em região cervical, sem disfunção ventilatória e com dor a palpação de andar superior do abdômen, sem sinais de irritação peritoneal. Exames de laboratório da chegada (Hemoglobina: 19/ Creatinina: 1,5/ Sódio: 138/ Potássio: 3,2/ Amilase: 101/ TGP: 28/ TGO: 28/ Leucograma: 20900 com desvio de 4%/ Plaquetas: 400 mil). Tomografia de tórax com extenso enfisema cervical e torácico, este especialmente no mediastino, estendendo-se até a transição esôfago-gástrica que apresentavam maior proximidade com o lúmen, podendo eventualmente corresponder ao local da perfuração. Adotado manejo conservador com estabilização, NPO terapêutico e antibioticoterapia. Paciente permaneceu estável durante a internação e teve alta hospitalar após 10 dias da admissão.

Discussão

Sabe-se que a maioria dos casos evoluem desfavoravelmente e com altas taxas de mortalidade 20-40%. Se o diagnóstico for realizado nas primeiras 48h, a abordagem escolhida depende da estabilidade clínica, sendo o tratamento cirúrgico favorecido na presença de sepse. O manejo conservador pode ser proposto em pacientes com diagnóstico tardio, sem sinais de sepse e com boa tolerância à contaminação pleural, apesar de escassa literatura sobre essa abordagem. Como também, sabe-se que a conduta cirúrgica de forma imperativa por muito tempo era a abordagem adotada na maioria dos casos de Boerhaave. No caso relatado, o paciente desde o diagnóstico inicial precoce manteve-se estável e com boa evolução clínica, laboratorial e de imagem sendo possível acompanhamento clínico rigoroso e conservador. Sendo assim, este caso representa a tendência atual da medicina que é tratar o paciente de forma personal e instituir medidas cada vez menos invasivas.

Palavras Chave

Boerhaave
Esofâgo
Urgência

Área

ESÔFAGO

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Victor Antônio Brocco, João Paulo Carlotto Bassotto, Eduardo José Bravo Lopez, Mayara Christ Machry, Pedro Luis Maldonado y Muñoz, Rodrigo Dos Santos Falcão , Fábio Herrmann, Roberto Pelegrini Coral