Dados do Trabalho


TÍTULO

ADENOCARCINOMA DE APENDICE RECIDIVADO APOS APENDICECTOMIA ISOLADA: UM DESAFIO NA CONDUTA DAS NEOPLASIAS DE APENDICE. RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Adenocarcinoma de apêndice é uma entidade rara responsável por 0,5% dos tumores malignos gastrointestinais. Costumam ser assintomáticos e a maioria sáo descobertos na apresentação de uma apendicite aguda. Desses tumores o subtipo mucinoso é o mais comum (55%), seguido pelo intestinal (34%), e pelo adenocarcinoide (11%).

RELATO DE CASO

OSO, sexo feminino, 60 anos, procedente de Cáceres-MT, deu entrada no serviço de saúde com quadro de dor em fossa ilíaca direita (FID) com duração de uma semana, acompanhada de náusea e vômitos. USG mostrou lesão nodular heterogênea de contornos irregulares e pouco definidos em FID com cerca de 7 cm, associada a aumento da gordura periférica. Paciente foi encaminhada para laparotomia, a qual evidenciou plastrão em FID, com apêndice inflamado, relacionado a perfuração de ceco e secreção purulenta com resíduos fecais. Foi realizada apendicectomia, aspiração de secreção e cecostomia. Anatomopatológico de apêndice revelou adenocarcinoma pouco diferenciado, comprometendo desde a mucosa até a serosa, medindo 3 cm (maior dimensão) e margem de ressecção livre de neoplasia. Painel imunoistoquímico, associado aos aspectos histológicos , apresentou achados compatíveis com adenocarcinoma de padrão intestinal. Seis meses após o primeiro atendimento, paciente retornou ao serviço de saúde apresentando náusea, vômito, diarreia, dor em cólica, palidez e perda de 15kg no período. Exame físico de abdome evidenciou massa em FID com palpação dolorosa na região. TC abdominal mostrou presença de massa volumosa e heterogênea em FID, com borramento da gordura peri-visceral, e linfonodomegalia retro-peritoneal. CEA: 38,83 ng/dl. Laparotomia exploradora revelou tumoração volumosa (20x15cm) aderida ao M. Psoas, irressecável e bloco de linfonodomegalia retro-peritoneal para-aórticos, coalescentes, fixos, irressecável; sem sinal de carcinomatose em outros sítios. Biopsia incisional de linfonodo e de segmento do epíploon: adenocarcinoma metastático de padrão intestinal.

DISCUSSÃO

O adenocarcinoma de padrão intestinal acomete mais comumente o sexo masculino na faixa etária entre 62-65 anos. O envolvimento linfonodal varia entre 30%-66,7% e a taxa de metástase à distância entre 23%-37%, sendo o local mais comum o peritônio. A maioria desses tumores se apresentam já ao diagnóstico com disseminação peritoneal difusa. Pacientes com metástases peritoniais tem um prognóstico incerto, no entanto, não promissor. Estudos revelaram taxas entre 50%-75% de recorrência em estágios avançados da doença, sendo a metástase linfonodal considerada preditor de recorrência. O manejo para esse subtipo de tumor é controverso, sendo a hemicolectomia direita o método preferencial. Pacientes tratados com essa técnica apresentam uma sobrevida em 5 anos de 73% contra 43% dos que realizaram apenas apendicectomia. A apendicectomia isolada só teria benefícios em casos de tumores bem-diferenciados confinados à mucosa, uma vez que o comprometido da submucosa e serosa aumentam os riscos de disseminação.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO - Mato Grosso - Brasil

Autores

Hellen CRUZ Xavier, DÉBORA FALEIRO MARTINS, EDUARDO REIMANN, MATHEUS AMORIM SOUZA RONDON, MARCOS CHAVES, DÉBORA MARIA NERES ALMEIDA SOUZA