Dados do Trabalho


Título

CURA DE HIPERTENSAO ARTERIAL SECUNDARIA A HIPERALDOSTERONISMO PRIMARIO

Introdução

O hiperaldosteronismo primário (HP) é causa subdiagnosticada de hipertensão arterial secundária e é passível de cura ou melhora importante quando realizada adrenalectomia nos casos de adenoma adrenal. Habitualmente se suspeita de HP quando há hipertensão grave não controlada com 3 anti-hipertensivos em doses adequada, com necessidade de 4 ou mais classes de anti-hipertensivos, frequentemente associada a hipopotassemia, entretanto este distúrbio está presente em 9 a 37% dos pacientes apenas e sua ausência não descarta o diagnóstico. Descrevemos neste relato um caso de hipertensão grave em uso de 4 classes de anti-hipertensivos, incluindo um antagonista de aldosterona, que foi diagnosticado com adenoma de adrenal e tratado com adrenalectomia, com cura da hipertensão arterial.

Material e Método

Paciente de 49 anos, refere hipertensão arterial de difícil controle há 5 anos, , em uso de espironolactona, hidralazina, olmesartan e levanlodipina. Na avaliação clínica inicial apresentava PA=147/110mmHg, FC=106bpm, e exames mostravam: creatinina=1,80mg/dL Na=142mEq/L K=3,0mEq/L Ca=8,4mg/dL, ecocardiograma=FE:54% + aumento de átrio esquerdo + hipertrofia concêntrica de VE + fibrilação atrial. Investigação laboratorial mostrou: Doppler de artérias renais sem sinais de estenose HCO3=33mEq/L BE=+5,8mEq/L UR=prot:neg/glicose:neg/leuc:0-1/hem:0-1 cortisol=8,1mcg/dL ACTH=9,4pg/mL, atividade plasmática de renina=0,1ng/ml/h, aldosterona=31,7ng/dl. Com esses exames, foi feita a suspeita de HP e solicitada RNM de abdome, que mostrou adenoma de adrenal esquerda.

Resultados

Paciente foi submetido a adrenalectomia à esquerda, e a biópsia foi compatível com adenoma adrenal, com painel de anticorpos: inibina: positivo focalmente em células neoplásicas, melan-A: positivo em células neoplásicas, calretinina: negativo em células neoplásicas, sinaptofisina: positivo focalmente em células neoplásicas, CD56: positivo em células neoplásicas, Ki67:positivo em menos de 1% das células neoplásicas. No retorno, 3 semanas após a cirurgia, não usava mais anti-hipertensivos e a pressão arterial se encontrava em 117/82mmHg. Exames: uréia=80mg/dL creatinina=2,7mg/dL Na=141mEq/L K=4,3mEq/L

Discussão e Conclusões

O HP ocorre em 3 a 12% dos hipertensos e em 15 a 20% dos casos de hipertensão resistente. O paciente descrito usava 4 classes de anti-hipertensivos e após a cirurgia não necessitou mais de medicações. Apesar da cura da hipertensão, há sequelas renais e cardíacas devido à hipertensão grave duradoura, mas o prognóstico melhorou muito.

Palavras Chave

Hiperaldosteronismo primário, hipertensão resistente

Área

Hipertensão

Instituições

Centro Universitário Barão de Mauá - São Paulo - Brasil, Serviço de Nefrologia de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil

Autores

Felipe Silva Merege Vieira, Osvaldo Merege Vieira Neto, Paulo Ferreira Mega