Dados do Trabalho


Título

NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA IDIOPATICA RESPONSIVA A CORTICOTERAPIA - RELATO DE CASO

Introdução

A nefrite intersticial aguda (NIA) é caracterizada por declínio da função renal associada a infiltrado inflamatório no interstício do órgão. A etiologia mais prevalente em adultos é decorrente do uso crônico de anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), seguido de lúpus eritematoso sistêmico, poliangiite e infecções bacterianas. Em casos de lesão farmaco-induzida, a descontinuação do uso resulta
em recuperação completa na maioria dos pacientes.

Material e Método

Revisão do prontuário eletrônico e revisão de literatura sobre nefrite intersticial aguda.

Resultados

RSC, feminino, 38 anos, previamente hígida, compareceu à UPA com história de febre, coriza, tosse produtiva e dispnéia aos esforços há 30 dias, associada a polidipsia, oligúria e perda de 10 kg em dois meses. Fez uso de 1 comprimido de nimesulida no período. Exame laboratorial do dia demonstrou hemoglobina de 7,7 g/dL, creatinina de 6,9 mg/dL e ClCr 10 ml/min. Suspeitou-se de insuficiência renal crônica, sendo solicitado parecer de hospital especializado. Exames laboratoriais em regime hospitalar confirmaram os anteriores, adicionando-se proteinúria de 1.458 mg/24 horas, azotemia importante, tendo sido descartadas HAS e LES. USG de rins e vias urinárias evidenciou rins discretamente hiperecogênicos, de tamanho preservado e sem dilatação pielocalicial. Biópsia renal revelou nefrite túbulo-intersticial aguda associada a arterioesclerose hialina moderada, espessamento intimal discreto em artéria interlobular, 0/15 glomérulos esclerosados, fibrose intersticial e atrofia tubular em cerca de 30% da amostra cortical. Iniciada pulsoterapia com metilprednisolona 1g/dia por 3 dias, prednisona 1mg/kg/dia por 1 mês e 6 meses em desmame, com melhora gradual do ClCr para 60ml/min.

Discussão e Conclusões

O principal achado deste relato é descrever um caso de NIA idiopática, com comprometimento significativo da função renal, porém oligossintomático, que respondeu à corticoterapia. Classicamente, a descontinuação do uso da medicação provoca a remissão do quadro renal, quando é secundário ao uso de drogas. Naqueles sem melhora em sete dias a corticoterapia tem indicação ainda controversa na literatura. Como no caso descrito não havia fator identificável de NIA, optou-se por tratar com corticoterapia, conforme alguns relatos da literatura. A paciente apresentou melhora expressiva com o tratamento. Dessa forma, sugerimos a corticoterapia nos casos de NIA idiopática com comprometimento da função renal.

Palavras Chave

NIA idiopática, IRA, corticoterapia

Área

Nefrologia Clínica

Instituições

Liga Acadêmica de Nefrologia do Distrito Federal - Distrito Federal - Brasil, Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Mateus Guimarães Pascoal, Pedro Guimarães Pascoal, Kétuny Silva Oliveira, Ekaterine Apóstolos Dagios, Luana Cicília Sousa da Silva, Natália Corrêa Vieira de Melo