Título

NIVEIS DE AMICACINA E VANCOMICINA PLASMATICOS E DO DIALISATO EM PACIENTES COM PERITONITE ASSOCIADA A DIALISE PERITONEAL: QUAL O PAPEL PARA O SUCESSO TERAPEUTICO?

Introdução

Peritonite é complicação grave nos pacientes em diálise peritoneal (DP) e principal causa de transição para hemodiálise. O uso intraperitoneal (IP) de amicacina (A) e vancomicina (V) é opção para o tratamento empírico. No entanto, a absorção sistêmica dessas drogas é controversa e pouco estudada. Objetivo: Descrever os níveis plasmáticos (P) e do dialisato (D) de A e V administrados IP em pacientes com peritonite em DP nos momentos 30 e 120 min após administração e no vale, para associá-los com o desfecho da peritonite.

Material e Método

Estudo observacional realizado de ago/2017 a jan/2019, que incluiu 32 episódios de peritonites. Análise de amostras foi realizada no 1º, 3º e 5º dias. Foram considerados níveis terapêuticos (NT) de A no pico de 25-35mg/dl e no vale (antes da infusão do D) de A 4-8mg/dl; e de V no vale de 15–20mg/dl.

Resultados

A idade foi de 60,2 anos, a principal causa da doença renal foi diabetes (42,3%) e 61,5% eram homens. Entre as culturas 37,5% foram G negativos, 37,5% G positivos e 21,8% negativas. Houve cura em 87,5% dos episódios. V foi administrada a cada 72h e A diariamente. Avaliando-se os períodos antes e depois da peritonite, não houve mudanças no tipo de transporte peritoneal e na função renal residual (p=0,13), mas houve redução do débito urinário (p=0,06). Quanto aos desfechos cura(C) e não cura (NC), não houve diferença quanto ao gênero, idade, celularidade no 1º dia ou diabetes. A celularidade no 3º dia foi menor no grupo C (p=0,01). No momento de pico, NT de A foram atingidos no D em 95% dos pacientes com C e 66,6% dos NC (p=0,07). No momento de vale, apenas 36,3% encontravam-se em NT no D no grupo C e 33,3% no NC (p=0,99). Os níveis no P de pico foram subterapêuticos em 100% das amostras. Já no momento de vale, NT estavam presentes em 82,3% no grupo C e 100% NC (p=0,99). Quanto a V, foram atingidos níveis terapêuticos no P no pico em 74% dos curados e em 33,3% no grupo NC (p=0,05). No vale, 66,6% do grupo C teve NT no P, enquanto não foram atingidos no grupo NC (p=0,13). Os níveis de vale foram terapêuticos no D em 12,9% no grupo C e não foram atingidos no grupo NC (p=0,99).

Discussão e Conclusões

A avaliação dos níveis de A e V no D e P mostram que, no momento de pico, NT de A são necessários no D para o sucesso terapêutico, enquanto que os níveis de V no P parecem ser os mais importantes para a C. Portanto, é importante estudar a farmacocinética dessas drogas para melhor compreensão do sucesso terapêutico.

Palavras Chave

dialise peritoneal, peritonite, amicacina, vancomicina

Área

Doença Renal Crônica