Dados do Trabalho


Título

HIPERTENSÃO MALIGNA: ISTO AINDA EXISTE?

Introdução

A hipertensão maligna (HM) é uma complicação grave da hipertensão arterial (HA) que resulta em lesões em múltiplos órgãos. As novas terapias anti-hipertensivas reduziram a incidência de HM, contudo o prognóstico é desfavorável se não for reconhecida e tratada adequadamente, com alta mortalidade, principalmente por insuficiência cardíaca e renal.

Material e Método

Relatamos um caso de HM associada a doença renal (DR)

Resultados

Mulher de 38 anos, negra e tabagista, procurou pronto socorro com queixa de cefaleia intensa e turvação visual bilateral há dois dias. Antecedente de HA há 13 anos, início na 1ªgestação ,com uso irregular de dois anti-hipertensivos.
Encontrava-se em regular estado geral, com pressão arterial (PA) de 223x140 mmHg, paralisia bilateral do VI par craniano(PC) e fundo de olho com edema de papila bilateral e hemorragia em chama de vela. Com hipótese de Emergência Hipertensiva, foi iniciado Nitroprussiato de Sódio para controle PA. Nos exames complementares, foi evidenciado disfunção renal (Creatinina 7,87mg/dL e Ureia 161mg/dL), hipocalemia (K:2,4 mEq/L) e Urina tipo 1 com proteinúria de 1,5g/L e hematúria com dismorfismo eritrocitário. Eletrocardiograma com sinais de sobrecarga ventricular esquerda e ultrassonografia abdominal com rins de tamanho normais , porém com aumento da ecogenicidade do parênquima. Na Tomografia de Crânio, visualizado apagamento discreto dos sulcos corticais. Ao ecocardiograma, observou-se espessamento de septo ventricular (15 mm) e da parede posterior do VE (13mm), com índice de massa ventricular aumentado (164 g/m2).
Na investigação de causas secundárias de HA, foram descartadas hiperaldosteronismo primário (Aldosterona: 37ng/ml / Renina:24,07 uUI/ml) e hipertensão renovascular (Angiorressonância sem contraste de artérias renais sem estenoses)
Realizado biópsia renal para diagnóstico diferencial da nefropatia, cujos achados foram fibrose intersticial e atrofia tubular difusas, arteríolas com proliferação miointimal concêntrica em padrão de “casca de cebola“ e glomérulos com membrana basal enrugada, descrições estas compatíveis com nefroesclerose hipertensiva maligna.
Evoluiu com controle da PA com 4 classes de anti-hipertensivos e resolução dos sintomas. No entanto, progrediu com piora de função renal sendo iniciado hemodiálise, mantida após alta.

Discussão e Conclusões

Embora atualmente pouco frequente, a HM é uma doença com elevada morbi-mortalidade que pode ser prevenida com tratamento otimizado evitando evolução para DR avançada como no caso apresentado.

Palavras Chave

hipertensão maligna; insuficiência renal

Área

Hipertensão

Instituições

HC- FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Gabriela Cardoso Segura, Daniela del Pilar Via Reque Cortes, Marcelo Paes Menezes Filho, Jorge Leonardo Espinosa Armijos, Gustavo Henrique de Martin Ballini, Luciano Ferreira Drager, Andrea Pio de Abreu, Giovanio Vieira da Silva