Dados do Trabalho


Título

Acometimento ocular na síndrome de Stevens-Johnson após vacinação contra a febre amarela: Relato de Caso

Introdução

A Síndrome de Stevens-Johnson é uma reação alérgica grave com elevado potencial de morbimortalidade pode ser desencadeada principalmente por fármacos, mas também por infecções e neoplasias. O quadro clínico corresponde a um período prodrômico de sintomas gerais como febre e mal-estar seguido pelo aparecimento de erupção cutânea predominantemente em face, pescoço e tórax e o envolvimento de mucosas, sendo a oral, a genital e a ocular as mais acometidas. A última cursa com ulceração de córnea, uveíte anterior e pan-oftalmite. Os primeiros sintomas oculares incluem vermelhidão, sensação de areia, fotofobia, lacrimejamento e névoa. O diagnóstico é clínico e a confirmação feita através de biópsia de pele ou mucosa. O tratamento consiste em remoção do agente precipitante e medidas de suporte.

Método

Foi realizada análise de prontuário e revisão de literatura.

Resultados

Paciente do sexo feminino, 29 anos, após 4 dias da vacinação contra a febre amarela, procurou serviço de Oftalmologia apresentando hiperemia e prurido ocular, sendo tratada inicialmente como conjuntivite. Em 2 dias evoluiu com febre alta, lesões vésico-bolhosas extensas por todo o corpo e mucosa oral, além de sinéquias em conjuntiva tarsal e abrasão corneana em ambos os olhos. Ao exame, acuidade visual de movimentos de mãos em olho direito e conta dedos a 0,5 metros em olho esquerdo; à biomicroscopia verificou-se simbléfaro, entrópio, córnea opacificada e conjuntivalizada com importante área de desepitelização em ambos olhos. A paciente foi internada para tratamento de suporte, incluindo o oftalmológico: colírio lubrificante, gel, antibiótico tópico, lise de simbléfaro, retirada de conjuntiva sobre córnea, recobrimento de córnea com membrana amniótica e colocação de lente escleral com trocas periódicas em ambos os olhos, além de corticoide e soro autólogo. Após alta hospitalar, foi necessária nova cirurgia de recobrimento com membrana amniótica de olho esquerdo e terapia com cianocrilato em olho direito por descemetocele. Após 2 anos e 2 meses de acompanhamento, a paciente segue em consultas quinzenais com acuidade visual de movimento de mãos bilateral.

Conclusões

Apesar de raro, a vacinação contra a febre amarela é um dos possíveis agentes etiológicos da Síndrome de Stevens-Johnson, a qual pode ocasionar complicações oculares de difícil manejo terapêutico.

Área

RELATO DE CASO

Instituições

UNICAMP - São Paulo - Brasil

Autores

Plínio Augusto Trindade Abreu, Monica Alves, Vinicius Almeida Dantas, Luísa Grave Gross, Júlia Almeida Dantas, Gabriel Vinícius Trindade de Abreu