Leishmaniose visceral pós-transplante de fígado
Leishmaniose visceral é uma zoonose de áreas endêmicas. Sua incidência como doença oportunista ocorre mais comumente em indivíduos com HIV, comparada a pacientes pós-transplantes de órgãos sólidos. Nesse caso, pode ocorrer como resultado de reativação de infecção latente, transmissão por enxerto ou transfusão sanguínea, ou nova infecção pós-transplante.
Relatar um caso de leishmaniose visceral em paciente transplantada de fígado.
Paciente do sexo feminino, 61 anos, natural de Jacobina (BA), mora em São Paulo há 43 anos, diabética e hipertensa. Foi submetida a transplante de fígado em novembro/2015 (doador falecido) por hepatite fulminante por VHB. Estava em uso de tacrolimus, everolimus, entecavir, HBIG mensal, glicazida e ácido acetilsalícilico quando aos 7 meses após o transplante, apresentou aumento discreto de ALT (1,5N) e FA (1,5N), além de pancitopenia leve. Realizadas PCR para hepatite B e CMV, as quais vieram indetectáveis. Feita então biópsia hepática com encontro de esboços granulomatosos, formas amastigotas de Leishmania sp. e imunohistoquímica positiva. Com o diagnóstico de leishmaniose visceral, foi internada para tratamento com anfotericina lipossomal (250 mg/dia) por cinco dias e mais cinco doses semanais em regime de hospital-dia. A evolução foi favorável, com normalização das transaminases e canaliculares, assim como da pancitopenia 1 mês após o início do tratamento.
Dada a epidemiologia da paciente, admite-se a possibilidade de reativação de infecção latente. Até o momento, há 15 relatos de caso de leishmaniose visceral pós-transplante de fígado no mundo. De uma maneira geral os casos apresentaram quadro semelhante aos imunocompetentes, porém há descrição de casos sem febre, visceromegalias ou pancitopenia.
transplante de fígado, leishmaniose visceral
Infecção
HCFMUSP - São Paulo - Brasil
Alice T W Song, Diego Feriani, Andrea Rodas, Fabiana Lima, Debora Terrabuio, Luiz Augusto Carneiro D'Albuquerque, Edson Abdala