Título

RECUSA FAMILIAR EM DOADORES FALECIDOS PEDIÁTRICOS EM UMA ORGANIZAÇÃO DE PROCURA DE ÓRGÃOS DA CIDADE DE SÃO PAULO

Introdução

A escassez de órgãos para transplante proveniente de potenciais doadores é uma preocupação mundial e a recusa familiar representa um grande entrave. Portanto, o objetivo deste estudo é analisar as causas de recusa familiar de doadores pediátricos.

Material e Método

Estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo. Foram coletados dados dos prontuários das crianças e adolescentes potenciais doadores em ME até 17 anos de idade do período de janeiro de 2014 a dezembro de 2016.

Resultados

Foram recebidas 1.418 notificações, sendo 96 (6,9%) pediátricas. A maioria (62,5%) dos potenciais doadores foi do sexo masculino, e sua manutenção ocorreu em ambiente de UTI (90,6%). Entre as causas da morte, as traumáticas (atropelamentos, quedas, acidentes automobilísticos e ferimentos por arma de fogo) foram as principais (32,3%), seguidas pela encefalopatia anóxica pós-parada cardiorrespiratória (14,6%). Do total, 35 casos (36,5%) constituíram contraindicação médica à doação, e 4 casos (4,2%) evoluíram em parada cardíaca após o início do protocolo de ME. Foram realizadas 57 entrevistas familiares, com recusa familiar em 19 casos (33,3%). Os principais motivos citados pela família para recusar a doação foram: não aceitar manipulação do corpo do ente querido (17,4%), religião (17,4%), crença em um milagre (13,1%), respeito à manifestação familiar contrária à doação em vida (8,7%), e descrença no conceito de ME (8,7%).

Discussão e Conclusões

Os dados obtidos evidenciaram que a taxa de recusa na população pediátrica foi mais baixa que a do país em geral. Ainda assim, é necessário conhecer melhor os motivos de recusa nesta faixa de potenciais doadores, a fim de se investir em atividades que otimizem mais as taxas de doação.

Palavras Chave

Obtenção de Tecidos e Órgãos; Transplante de Órgãos; Morte Encefálica; Família; Pediatria.