INSIGHTS COMPORTAMENTAIS PARA A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: Como a Economia Comportamental pode contribuir para o deficit de órgãos para transplante
De acordo com dados recentes, no Brasil 43% dos famílias entrevistadas não autorizam a doação de órgãos de seus familiares (RBT, 2016). Compreender portanto o complexo processo de tomada de decisão de doação de órgãos e que variáveis atuam sobre ele se torna fundamental para que novos esforços, visando elevar as taxas de consentimento no país, sejam implementados.
Baseado no referencial teórico da Economia Comportamental (behavioral economics) o presente trabalho visa: a) apresentar características comportamentais com potencial de enriquecer a compreensão sobre o processo de tomada de decisão de doação de órgãos; b) além de revelar experimentos e aplicações em políticas públicas inspiradas em tais insights já realizadas ao redor do mundo e seus respectivos resultados.
Inspirado por uma vasta literatura empírica que sugere que características comportamentais como inércia, procrastinação, status quo, aversão à perda e framing influenciam o processo decisório de maneira sistemática e previsível, o presente trabalho destaca dois estudos aplicados que concluíram ser possível elevar as taxas de consentimento através do uso de regras pré definidas (Johnson e Goldstein, 2003) e elevar o número de doadores registrados em cadastros nacionais através de framing (Sanders e Hallworth, 2015)
Conclui-se a partir da presente análise, que tais características comportamentais aqui relatadas apresentam potencial explanatório relevante. Incorporá-las portanto no modelo atual de tomada de decisão de doação de órgãos não só indica possível contribuição para o esforço de abordagem familiar, mas também para o direcionamento de campanhas sobre tema e futuramente para um melhor desenho de ambiente de escolhas (nudge).
doação de órgãos; processo decisório; Economia Comportamental
Enfermagem
Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil, UPM - São Paulo - Brasil
Patricia Fonseca, Natany Costa Ferreira