Sofrimento psíquico no pré-transplante hepático
A espera pelo transplante pode ser acompanhada por sintomas de ansiedade e depressão como reação de ajustamento. Portanto, a equipe do ambulatório de transplante hepático da Universidade Federal de São Paulo avaliou a prevalência desses sintomas no pré-transplante como parte do projeto de pesquisa “Impacto do Atendimento Multiprofissional na Adesão ao Transplante de Fígado”.
Foram avaliados antecedentes psiquiátricos, uso de psicofármacos, acompanhamento psicológico ou psiquiátrico e sinais de ansiedade e depressão em 119 pacientes em lista de espera para transplante hepático na UNIFESP. Foram utilizadas as escalas Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) e Patient Health Questionnaire for Depression and Anxiety (PHQ-4) para avaliar sofrimento psíquico e as demais variáveis foram investigadas por meio de entrevista semiestruturada.
Inicialmente 31% do pacientes apresentaram sintomas depressivos e 34,5% sintomas ansiosos. Nos anos seguintes, 41% dos pacientes apresentaram sintomas depressivos e 52,5% sintomas ansiosos. De forma que 69% do total de pacientes estava em sofrimento psíquico. Destes, 10,9% tomavam medicação psiquiátrica e 6,7% faziam acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico.
Apesar da alta prevalência de sofrimento psíquico, são poucos os pacientes em tratamento psicológico no pré-transplante. Considerando que ansiedade ou depressão podem persistir após o transplante e ter consequências como não adesão, internações prolongadas e estado de saúde inferior; a identificação dessas condições permitiria a intervenção precoce e a minimização de possíveis problemas ao longo do processo de transplante, evidenciando a urgência por atenção à saúde mental dos pacientes em espera por transplante de órgãos.
Transplante hepático, ansiedade, depressão
Multidisciplinar
UNIFESP - São Paulo - Brasil
Juliana Dutra de Araujo Silva, Priscilla Caroliny de Oliveira, Bartira de Aguiar Roza, Samantha Mucci