Doação altruísta: o Brasil está preparado para essa realidade?
Alguns países permitem a doação de órgãos duplos ou parte de órgãos in vivo para pacientes na fila de espera, mesmo que não sejam relacionados. Essa modalidade é chamada de doação altruísta. Esse estudo visa discutir essa possibilidade no atual cenário brasileiro.
Trata-se de uma revisão de literatura nas bases de dados Scielo e Pubmed usando dados dos últimos dez anos, com os seguintes termos em inglês: ‘altruistc donation’, ‘organ donation’, ‘altruism’, ‘living donor’, de forma separada e combinada.
A legislação brasileira vigente aborda a doação em vida somente para cônjuge ou familiares próximos ou sob autorização judicial. A doação altruísta, como é realizada em outros países, é decidida por espontânea vontade e destinada, após os devidos exames, ao receptor mais compatível na lista de espera. Apesar do doador poder ser conhecido como “herói” ou “aquele que salvou alguém”, a doação altruísta, foi descrita, como menos satisfatória do que a doação para conhecidos. Essa forma de doação deve ser adaptada aos princípios éticos e morais. São necessárias mudanças na legislação brasileira, assim como na cultura, para que isso ocorra. Nossas leis atuam no intuito de prevenir o comércio de órgãos. Os brasileiros são mundialmente conhecidos pela cultura enraizada de ter proveito em todas as situações, através do “jeitinho” brasileiro. Portanto, não iria permanecer o pensamento de como tirar vantagem de uma situação altruísta?
Pode-se dizer que para mudarmos a realidade das doações em vida no Brasil é necessária educação em saúde e muita discussão em torno do altruísmo, fazendo o bem ao próximo sem ter benefícios diretos, se contentando apenas com a satisfação de ter ajudado alguém.
doação altruísta; doação de órgãos; doador vivo;
Coord. Tx / Ética
Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil
Nathália Gonçalves Oliveira, Darling Kescia Araújo Peixoto Braga