Necrose total de pelve e ureter de enxerto renal. Reconstrução a partir do ureter nativo
As complicações urológicas são responsáveis por grande parte da morbimortalidade no pós-transplante renal , com incidência de 2.5 a 30% . Apesar da estenose e fistula ureterais serem os principais exemplos desse tipo de complicação, a necrose ureteral completa também tem sido bem documentada. Uma ressecção excessiva da gordura periureteral localizada entre o ureter e o polo inferior do rim, área conhecida como “Gold triangle”, pode lesionar vasos essenciais para a perfusão sanguínea do ureter e acabar gerando tais complicações, porém a necrose total de pelve e ureter é rara.
Transplante renal com doador vivo, HLA idêntico, sem intercorrencias. Houve diurese e queda da ureia e creatina em 50%, no 1º dia. No segundo dia, foi observado aumento da creatinina sérica de 3,9 mg/dL para 7,93 mg/dL e ureia de 72 mg/dL para 125 mg/d. Foi realizada USG,que constatou hidronefrose no enxerto. Na cistoscopia, obsevou-se necrose do implante ureteral na bexiga urinária. Submetido a intervenção cirúrgica, foi identificada necrose completa de ureter e pelve renal. Ressecou-se a pelve e ureter até a porção intra-renal e se realizou, a partir do ureter nativo do mesmo lado, anastomose na pelve profunda e implante de cateter duplo J e nefrostomia.
Restabelecimento da função renal e transito urinário, nos primeiros dias de pós-operatorio, retiraram-se os cateteres com trinta dias, sem mais complicações.
Apesar da gravidade, que representa a necrose completa de ureter e pelve, a reconstrução a partir do ureter nativo, com anastomose profunda intra-renal foi um procedimento exitoso que restabeleceu o transito urinário e a função renal, nesse caso.
Transplante de rim, Transplante (tecnica), Complicações pós-operatórias.
Rim
ISAS - INSTITUTO SOCIAL DE ASSISTENCIA A SAUDE - Paraíba - Brasil
RAFAEL FABIO MACIEL, FRANCISCO BURITI, ANDREW BONIFACIO