Complicações biliares pós-transplante hepático, na ausência de alterações arteriais
Complicações da via biliar (CVB) são frequentes após o transplante (tx) de fígado. É comum a associação entre CVB e da artéria hepática, mas as complicações biliares também podem ocorrer isoladamente. O objetivo deste estudo foi dentificar fatores de risco para CVB pós tx hepático, não associadas à estenose ou trombose da artéria hepática.
Foram avaliados prontuários de 304 pacientes acima de 18 anos submetidos a tx hepático de 2007 a 2015, em dois grupos: 1) sem CVB e arteriais (n=235) e 2) com CVB isolada (n=69). Foram obtidos dados demográficos, cirúrgicos e laboratoriais do receptor e do doador, indicação ao tx, ocorrência de infecção pelo CMV. Em análise uni e multivariada diferenças foram consideradas significativas quando p<0,05.
Idade mais jovem do receptor (p=0,02), infecção pelo CMV (p=0,005), doença biliar como indicação ao tx (p=0,009), menor RNI do receptor (p=0,004), menor HCO3 do doador (p=0,033) e menor Base Excess do doador (p=0,037) relacionaram-se à maior incidência de CVB. Gênero de doador e receptor, solução de conservação, idade do doador, tempo de isquemia fria e tempo de isquemia até a reconstrução arterial não se relacionaram à CVB. Em análise multivariada permaneceram a infecção pelo CMV (OR 2,244) e doença biliar como indicação ao tx (OR = 4,923) foram fatores de risco, enquanto HCO3 mais elevado no doador (OR = 0,908) foi fator de proteção contra a ocorrência de complicações.
Além de alterações arteriais, foram identificados como fator de risco para estenoses e fístulas biliares pós tx hepático a ocorrência de infecção pelo CMV, a doença biliar como indicação ao tx e baixa taxa de bicarbonato no doador.
transplante hepático; complicações; complicação biliar; CMV
Fígado
Hospital das Clínicas da UFMG - Minas Gerais - Brasil
Agnaldo Soares Lima, Bárbara Buitrago Pereira, Sven Jungmann