Timoglobulina em dose única como indução no retransplante renal
Retransplante renal é um procedimento de alto risco, sem consenso sobre a melhor estratégia para indução de imunossupressão. Poucos estudos avaliaram desfechos desses pacientes no Brasil, com proporção crescente entre transplantados.
Coorte retrospectiva, aberta, de centro único, de retransplantes renais realizados entre 16/06/2014 e 25/03/2016, com 1 ano de seguimento. Todos receberam indução com 3 mg/kg de timoglobulina, dose única, no pós-operatório imediato. Contra citomegalovírus (CMV), foi realizada estratégia de terapia preemptiva. Avaliados incidência de função tardia do enxerto (DGF), reinternação hospitalar, rejeição aguda (RA), infecção/doença por CMV, clearance de creatinina (CLCR) estimado (CKD-EPI), formação de anticorpo doador específico (DSA) de novo e sobrevidas do paciente e do enxerto.
Foram incluídos 84 pacientes com idade média 39 ± 11,9 anos, 52% deles com PRA > 50%. A maioria (88%) recebeu rim de doador falecido com idade média 45,5 ± 12,8 e tempo de isquemia fria 24 ± 7,2 horas. DGF foi diagnosticada em 61,9%, com duração média de 8 dias. A incidência de RA foi de 14,3%, sendo 5.9% com DSA de novo. A incidência de infecção/doença por CMV foi 38% e a taxa de reinternação foi 53,6%. O CLCR médio em 1 ano foi 43 ± 21,1 ml/min e as sobrevidas do enxerto e paciente foram 91,1% e 96,2%, respectivamente.
Os desfechos clínicos em 1 ano são semelhantes aos indicadores internacionais de indução com timoglobulina em doses maiores, exceto índices de DGF e de CMV, que foram superiores em nossa população, provavelmente devido à maior incidência de transplantes com doadores expandidos e ausência de profilaxia farmacológica para CMV.
Timoglobulina, retransplante renal, rejeição aguda, citomegalovírus, imunossupressão
Rim
UNIFESP - São Paulo - Brasil
Kamilla Linhares Silva, Marina Pontello Cristelli, Laila Almeida Viana, Cláudia Rosso Felipe, Henrique Proença, Renato de Marco, Hélio Tedesco-Silva, José Osmar Medina-Pestana