Porque recusei a doação? O ponto de vista dos familiares em Rondônia e Acre
O principal motivo para não doação de órgãos no Brasil é recusa familiar. Em Rondônia, a negativa atinge taxas de até 90%. Pouco se sabe sobre as motivações das famílias que recusam. O presente trabalho visa avaliar tais causas nos Estados de Rondônia e Acre.
Trata-se de trabalho quali-quantitativo, observacional, descritivo e transversal. Contatou-se os familiares que assinaram a recusa e realizaram-se entrevistas telefônicas gravadas com devida autorização, durante a qual se obteve quais os principais motivos que levaram à negação. As entrevistas ocorreram entre 3 meses e um ano após a recusa. As respostas foram sumarizadas nas seguintes categorias: desejo de manter corpo intacto (integridade), causa religiosa (religioso), falecido não tinha desejo de doar (respeito), discordância familiar (discordância familiar), tempo para liberação do corpo (demora), má abordagem da equipe de doação e/ou assistência (despreparo) e motivo inespecífico (inespecífico).
Foram entrevistados 36,6% (n=15/41) das famílias que recusaram a doação de órgãos em Rondônia (n=20) e Acre (n=21) em 2016. Os principais motivos encontrados foram: demora (26,31%-n=5), discordância familiar (21,05%-n=4), despreparo (15,79%-n=3), respeito (15,79%-n=3), religião (10,52%-n=2), integridade corporal (5,26%-n=1) e inespecífico (5,26%-n=1).
Quase metade das causas relatadas tem relação com a equipe de doação de órgãos, uma vez que, se reduzirmos o tempo para entrega do corpo e melhorarmos a abordagem da família por parte dos membros das CIHDOTT/OPOs, poderemos observar importante melhora nas doações. Também pode se afirmar que os 21,05% de discordância familiar poderia ser melhor trabalhada se a equipe estivesse preparada para lidar com as divergências.
doação
recusa
Rondônia
Coord. Tx / Ética
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - Rondônia - Brasil
Diego Henrique Gomes Sobrinho, Laila Gabriely Souza Mota, Gabriela Gouveia Machado, Maria Alice Freitas Boareto, Edcléia Gonçalves Santos, Regiane C Ferrari, ALESSANDRO PRUDENTE