Impacto da profilaxia com amicacina na incidência de infecções bacterianas pós-transplante de fígado
Infecções por bactérias gram-negativas multirresistentes (BGN MDR) causam importante impacto na morbimortalidade pós-transplante de fígado (TF). Em setembro de 2014, foi realizada mudança de profilaxia cirúrgica de ampicilina e cefotaxima para ampicilina e amicacina para grupos de pacientes de maior risco de infecção por BGN MDR pós-TF.
Objetivos: Primário: avaliar o impacto da profilaxia com amicacina na incidência de infecções por BGN multiR e de infecções de sítio cirúrgico (ISC), pós-TF. Métodos: Coorte retrospectiva, com controle histórico. Os indivíduos com as seguintes características receberam amicacina como profilaxia cirúrgica a partir de setembro/2014 até agosto/2015: colonização por BGN MDR pré-tx; MELD funcional >24; diálise pré-tx; uso de antibioticoterapia de amplo espectro nos últimos 30 dias pré-tx. Esse grupo foi comparado a um grupo controle de indivíduos transplantados de setembro/2013 a agosto/2014 e que teriam indicação de receber amicacina como profilaxia cirúrgica.
Houve 34 pacientes do grupo amicacina e 56 pacientes do grupo controle. Nos grupos amicacina e controle, respectivamente, havia 22 (65%) e 32 (57%) homens , com idade média de 49 anos (20-66) e 43 anos (15-69). MELD funcional médio foi de 34 (24-55) no grupo amicacina e 30 (11-44) no grupo controle. Não houve diferença na incidência de ISC (31.3% versus 31.1%) entre os dois grupos (p=0.2), nem na incidência de ISC por BGN MDR.
Aparentemente a mudança para amicacina em grupos de risco para infecção por BGN MDR pós-TF não alterou a incidência de ISC pós-TF. Outras estratégias como descolonização podem ser de maior importância no controle dessas infecções.
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Infecção
Hospital das Clínicas - FMUSP - São Paulo - Brasil
Alice Tung Wan Song, João Paulo Santos, Maristela Pinheiro Freire, Isabel Oshiro, Wellington Andraus, Luiz Augusto Carneiro D'Albuquerque, Edson Abdala