Tolerância à retirada de imunossupressores no pós-transplante hepático tardio no Hospital das Clínicas Universidade Federal de Minas Gerais: série de casos
A imunossupressão (ISS) prolongada pós-transplante hepático provoca efeitos adversos, mas sua suspensão não pode ser sistematizada até o momento. No entanto, é observada tolerância espontânea em transplantados de fígado que não apresentaram sinal algum de rejeição, durante ou após a suspensão não programada da ISS.
Relatar 3 casos de pacientes do serviço com tolerância à suspensão da ISS.
Caso 1: CAPM, submetida ao transplante hepático em 2001, aos dois anos, por atresia de vias biliares, pós-Kasai. Aos 7 anos, apresentou linfoma de grandes células B. Foi submetida à quimioterapia e à retirada da ISS. Atualmente, após dez anos sem ISS e curada da doença linfoproliferativa, mantém-se clinicamente bem e com enzimas hepáticas normais. Caso 2: SDAF, transplantado em 2003 por cirrose etanólica e pós-vírus C. Mantinha acompanhamento clínico irregular e, em 2015, suspendeu o uso de Sirolimus por conta própria. Compareceu à consulta cerca de 8 meses após a suspensão com revisão laboratorial normal. Caso 3: GIA, transplante em 1999 por cirrose etanólica. Fazia controle irregular e em abuso de álcool. Durante internação em clínica de reabilitação, a ISS por ciclosporina foi suspensa inadvertidamente; não tendo havido sinais de rejeição pelos exames laboratoriais, permaneceu sem ISS desde 2015.
É possível que proporção de pacientes que podem interromper o uso de drogas imunossupressoras seja maior que o estimado, principalmente em pacientes selecionados, que não apresentam HCV ou doença autoimune. São necessários mais estudos que validem a indicação e segurança da suspensão, bem como seus benefícios a longo prazo
Transplante hepático; imunossupressão; imunossupressão, retirada; rejeição celular
Fígado
Hospital das Clínicas da UFMG - Minas Gerais - Brasil
Lucy Ana Santos Fonseca, Fernanda Maria Farage Osório, Thaís Costa Nascentes Queiroz, Leandro Oliveira Costa, Francisco Guilherme Cancela Penna, Agnaldo Soares Lima