Título

Transmissão de Criptococcose por Transplante de Enxerto Hepático

Introdução

Descrevemos um caso de paciente de 57 anos com cirrose criptogênica, submetido a transplante hepático cadavérico no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) que recebeu órgão de doador proveniente de zona rural do Amazonas, previamente hígido. O aspecto macroscópico do órgão não apresentava alterações, porém no período pós-operatório (PO) o receptor desenvolveu criptococcose disseminada com envolvimento de sistema nervoso central e fígado.

Material e Método

Revisão retrospectiva do prontuário do paciente no ICDF.

Resultados

O paciente, proveniente da zona rural do Tocantins, recebeu um órgão de doador de 53 anos da região rural do Amazonas. Após o transplante, apresentou boa evolução pós-operatória, com alta da unidade de terapia intensiva no 3 PO e recebeu alta hospitalar no 8 PO. Retornou após alguns dias com cefaléia e aumento de enzimas canaliculares. Na investigação, realizou ressonância de crânio que identificou múltiplas lesões suspeitas de infecção fúngica. Posteriormente, foram isolados criptococcos nas hemoculturas, biópsia hepática e no líquor. O paciente foi tratado com anfotericina B por período de 5 dias, e posteriormente recebeu fluconazol, medicação da qual segue em uso. Atualmente encontra-se bem após 1 ano e 7 meses de transplante.

Discussão e Conclusões

Raramente, podem ocorrer casos de disseminação de infecções fúngicas pelo enxerto hepático para o receptor. Esse caso ilustra a possibilidade de transmissão de criptococcose disseminada em transplante hepático. O tratamento com sucesso depende tanto do uso prolongado de antifúngico como do ajuste adequado das medicações imunossupressoras. No caso deste paciente, mantendo função hepática normal e totalmente assintomático, podemos considerar o tratamento da criptoccocose.

Palavras Chave

Criptococcos, transplante hepático