Anemia hemolítica associada a múltiplas transfusões no pós transplante hepático
Anemia hemolítica no pós-transplante hepático está geralmente associada à GVHD, hiperesplenismo e incompatibilidade ABO.
Este relato descreve o caso de um paciente com anemia hemolítica, iniciada três meses após transplante hepático e o diagnóstico diferencial dessa patologia.
Paciente de 69 anos, transplantado hepático por cirrose criptogênica e hipertensão portal secundário a esquistossomose. Admitido com fraqueza e astenia há 3 dias associadas a dejeções diarreicas. Exames laboratoriais mostravam intensa anemia (Hb 5,9), além de elevação de bilirrubina indireta (BT 4,1mg/dL e BI 3,1 mg/dL) e LDH (695UI/L), com demais exames normais. Durante investigação encontrou-se carga viral para citomegalovírus elevada (PCR: 22.903 cópias/mL), sendo instituída terapia com Ganciclovir. Apresentava COOMBs direto positivo, sendo suspeitado de anemia hemolítica imune, relacionada à infecção por CMV e realizado pulsoterapia com Metilprednisolona sem resposta. Na revisão do perfil de anticorpos do paciente foram encontrados anticorpos anti-C e anti-E, diagnosticando hemólise aloimune atribuída as múltiplas transfusões sanguíneas prévias, afastando assim o diagnóstico de hemólise autoimune. Realizadas a partir de então transfusões com bolsas fenotipadas, filtradas e em alíquotas, com incremento dos níveis de hemoglobina, recebendo alta assintomático.
O caso descreve uma anemia hemolítica com COOMBs direto associada à infecção por CMV. A hipótese inicial era uma hemólise imune secundária à infecção viral. No entanto, o próprio transplante pode gerar diretamente hemólise imune, com alguns relatos semelhantes na literatura. Aloanticorpos irregulares antieritrocitários estão relacionados à maioria das reações transfusionais hemolíticas, porém não são tipados rotineiramente.
Transplante
Fígado
SÃO RAFAEL - Bahia - Brasil
ANDRE DE CASTRO LYRA, LOURIANNE NASCIMENTO CAVALCANTE, CLAÚDIA DE ABREU CARDOSO MACHADO, ISIS GONSALVES BARRETO, HELENI FERREIRA CARVALHO