Ressecção na adenomatose hepática, seguida de transplante
A adenomatose hepática (AH) é descrita como a presença de 10 ou mais adenomas na ausência de doenças vasculares hepáticas e de depósito de glicogênio. O risco de transformação maligna e hemorragia justificam a ressecção de adenomas solitários, no entanto, esta estratégia pode ser impossível na AH, estando o transplante hepático (Tx) indicado em raros casos.
Revisão de prontuário médico de paciente tratada de adenomatose hepática por ressecção, seguida de recidiva e transplante.
Paciente de 33 anos, previamente hígida, iniciou dor e distensão abdominais. Ressonância magnética (RM) evidenciou 12 nódulos sólidos no fígado; biópsia diagnosticou adenomas hepáticos. Em 2011, foi submetida à enucleação de 4 nódulos hepáticos à esquerda, ligadura do ramo direito da veia porta e colecistectomia. Posteriormente, foi realizada nova abordagem cirúrgica para hepatectomia direita. Em acompanhamento seriado, pequenas lesões remanescentes se mantiveram estáveis até 2016, quando voltou a apresentar dor abdominal, aumento do volume e número de nódulos hepáticos. Em 02/2016 os nódulos mediam 4,7cm no seg II, 3,5cm no seg I e 3,7cm no seg IVa. No controle seguinte, foi evidenciado crescimento para 7,8 cm do nódulo localizado no seg II e 5,0 cm do nódulo no seg I. Paciente foi listada para Tx, sendo submetida ao procedimento em fev/2017. Recebeu alta 11 dias mais tarde, sem intercorrências. A avaliação do explante com coloração de reticulina (CD34), evidenciou a capilarização dos sinusóides, observada no carcinoma hepatocelular, reforçando a acertada opção pelo Tx.
A tentativa de manejo da AH pela ressecção não prejudica a indicação de transplante diante de recidiva da doença.
adenomatose; transplante hepático;
Fígado
Hospital das Clínicas da UFMG - Minas Gerais - Brasil
Fernanda Maria Farage Osório, Paula Vieira Teixeira Vidigal, Júlia Faria Campos, Henrique Carvalho Rocha, Ana Flávia Passos Ramos, Francisco Guilherme Cancela Penna, Agnaldo Soares Lima