Doar ou não doar eis a questão: impasses familiares e profissionais no processo de doação de órgãos e tecidos para transplantes
O objetivo do estudo foi apresentar impasses intervenientes em familiares e profissionais envolvidos no processo para doação de órgãos e tecidos para transplantes em um hospital geral do estado da Bahia/Salvador.
Atualmente, o estado da Bahia apresenta uma alta taxa de recusa familiar para doação 62% em 2016, segundo dados da ABTO. Este alto índice de negativa aponta a necessidade de estudos que revelem a percepção da família e dos profissionais que vivenciam tal realidade. Dentre os diversos fatores mencionados encontram-se: à falta de informação da população sobre o tema; insatisfação da assistência hospitalar; a não aceitação da morte encefálica; desejo do corpo íntegro e outros.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, onde foram construídos e analisados dez casos a partir de entrevistas e diários de campo referentes à observação de familiares e profissionais diante do processo de decisão sobre a doação.
Os aspectos relevantes que interferem na decisão familiar diante da possibilidade de doação: dificuldades técnicas dos profissionais para comunicar más notícias; não aceitação da morte encefálica; desejo de manter o corpo íntegro; crenças religiosas e culturais, insatisfação durante a entrevista familiar.
A discussão revelou que o tempo (demora) envolvido no processo é um fator significativo que contribui para o alto índice de recusa familiar para doação.
A conclusão ressaltou que a família deve ser acolhida desde abertura do protocolo de morte encefálica, os profissionais que conduzem a entrevista familiar precisam estar capacitados e considerar uma dimensão terapêutica implícita nessa prática, visando amenizar a dor e o sofrimento famliar.
Transplantes; doação de órgãos e tecidos; recusa familiar, entrevista familiar para doação; impasses profissionais e familiares.
Multidisciplinar
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - EBMSP - Bahia - Brasil, Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - Coordenação de Transplantes - Bahia - Brasil
MARIA CONSTANÇA VELLOSO CAJADO