PARACOCOCCIDIOIDOMICOSE DUODENAL EM TRANSPLANTADO RENAL
Paracoccidioidomicose (PCM) é uma doença endêmica causada por fungo. O estado de imunossupressão e exposição epidemiológica são fatores associados ao desenvolvimento de infecções fúngicas.
L.A.A., masc, IRC - rins contraídos. Realizou tx renal em novembro/2007, aos 46 anos. Indução com basiliximab. Manutenção com micofenolato mofetil 2g, pred 60mg, FK 16mg. Hx pregressa de Tb e após o tx foi instituído profilaxia com isoniazida 300mg. Em agosto/2013 foi internado com quadro de diarréia, epigastralgia e perda ponderal. Evoluiu com sepse pulmonar e Cr 4,7. Iniciado imipenem e ganciclovir, e foi reduzida a imunossupressão. Teve melhora clínica (Cr 2,0). Realizou EDA que mostrou lesão infiltrativa em segunda porção de duodeno e a biópsia evidenciou paracoccidioidomicose. Iniciado anfotericina B lipídica 5mg/kg/dia por 7 dias, e por nova piora da Cr (3,3) atribuída a medicação optou-se pela conversão para sulfametoxazol+trimetoprim. Alta com plano de uso da medicação por 18 meses e imunossupressão apenas com micofenolato de sódio 720mg e pred 5mg. FR estável (Cr 2,2). Um mês após, retornou com epigastralgia, náuseas, vômitos e oligúria, CR 5,3. Realizado nova EDA, com mesmo padrão anterior, e na nova biópsia não foi encontrado o agente, de qualquer maneira, foi iniciado anfotericina B lipídica. Evoluiu com novo quadro de sepse pulmonar, doença citomegálica associada e desnutrição importante. Apesar de medidas, seguiu com piora clínica importante e evoluiu ao óbito.
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A baixa prevalência da PCM nos pacientes transplantados pode ser explicada pelo uso rotineiro de sulfametoxazol-trimetoprim. Neste caso de apresentação incomum, com envolvimento intestinal simulando neoplasia, o diagnóstico só foi possível pela realização da biópsia.
paracoccidioidomicose, transplante
Rim
Fundação Pró-Rim - Santa Catarina - Brasil
Andreas Nogueira Sales, Flora Braga Vaz, Luciane Monica Deboni, Rodrigo Paludo de Oliveira, Marcos Alexandre Vieira, Paulo Eduardo da Silveira Cicogna