Transplante renal em pacientes com nefrite lúpica
Transplante renal em pacientes com nefrite lúpica é considerado seguro. Estudo anterior do nosso grupo mostrou que consumo de complemento no transplante apresentava maior risco de recidiva de nefrite lupica.
Objetivo: Avaliar a evolução de pacientes com nefrite lúpica submetidos ao transplante renal e a presença de marcadores sorológicos.
Estudo retrospectivo. Critérios de inclusão: idade > 14 anos, diagnóstico confirmado de lúpus, acompanhamento ≥ 6 meses.
De 44 pacientes transplantados por nefrite lúpica, 37 preencheram os critérios de inclusão. A maioria era do sexo feminino (65%), idade 33 ± 10 anos, receptor de rim de doador falecido (67,5%), com tratamento dialítico pré tx de 39 meses. Metade dos pacientes apresentava dosagem de complemento durante diálise, dos quais 75% apresentavam consumo de C3 e C4. Para análise, os tx realizados entre 2004 e 2014 foram comparados à série histórica (n=19, 1984 a 2003), onde o consumo de complemento no transplante foi identificado como fator de risco de recidiva. No grupo recente (n=18) o tx foi realizado apenas em presença de complemento normal, e a imunossupressão baseada em micofenolato e tacrolimo. Neste grupo, observamos 2 casos de recidiva (SLEDAI > 4, consumo de complemento e biopsia com nefrite lúpica), com necessidade de alteração de imunossupressão e recuperação da função do enxerto. Perda de enxerto ocorreu em 12 casos na série histórica e 5 na série recente, em média 97 meses pós transplante.
O transplante renal em pacientes com nefrite lúpica é seguro, com baixa incidência de recidiva clínica. Comparado à série histórica, o tx realizado em presença de níveis normais de complemento e a imunossupressão baseada em micofenolato e tacrolimo sugerem melhor prognóstico.
Tx renal, lúpus, complemento
Rim
UNICAMP - São Paulo - Brasil
Nattasha Marques Luz, Carla Feitosa do Valle, Leonardo Figueiredo Camargo, Marcos Vinicius de Sousa, Gabriel Giollo Rivelli, Marilda Mazzali