Retardo de função do enxerto: Estratégias para redução de incidência
Vários fatores impactam na função imediata do enxerto, incluindo a solução de preservação, o tempo de isquemia fria (TIF) e as condições do doador. Em 2013 o protocolo de tx renal com doador falecido foi alterado em nosso centro, com troca da solução de preservação de EuroCollins para Custodiol, e estratégias para otimização do TIF.
Objetivo: avaliar o impacto destas mudanças na incidência de retardo de função do enxerto (RFE) e tempo de hospitalização pós tx.
Estudo retrospectivo. O banco de dados de tx com doador falecido entre jan/2010 e dez/2016 foram avaliados em relação a TIF, características do doador, incidência de RFE e tempo de hospitalização pós transplante. O ano de 2013 foi excluído da análise, por ter sido o período onde as mudanças do protocolo foram implantadas. Para análise, os pacientes foram divididos em 2 grupos: pré (2010 a 2012, n=292) e pós (2014-2016).
Os dois grupos foram comparáveis em relação a distribuição por sexo, idade de receptor, tempo de tratamento dialítico, idade do doador, causa de morte encefálica, tempo de UTI e creatinina do doador. Apesar de não observarmos diferença significativa no percentual de rins de doadores expandidos ou com insuficiência renal aguda, observamos uma redução significativa na incidência de RFE, de 68,8% no período pré para 32% pós mudanças, resultando em menor tempo de hospitalização, de 20 ± 10 para 14 ± 7 dias (p<0.01). Houve também redução no TIF, de 21 ± 6 para 19 ± 5 horas (p<0.05), com redução do número de isquemias ≥ 24 horas, de 26 para 17%.
A alteração de protocolos de preservação e a organização de estratégias para redução do tempo de isquemia fria resultaram em menor incidência de RFE, com menor hospitalização e menor risco de complicações pós operatórias.
Tx renal, RFE, isquemia fria
Rim
UNICAMP - São Paulo - Brasil
Marcos Vinicius de Sousa, Carla Feitosa do Valle, Leonardo Figueiredo Camargo, Gabriel Giollo Rivelli, Marilda Mazzali