Colite por CMV após 10 anos de transplante renal: relato de dois casos
Citomegalovírus é uma das complicações infecciosas mais comuns após o transplante de orgãos sólidos ocorrendo com maior frequência nos primeiros 6 meses, sendo raramente relatado no pós transplante tardio. R-/D+ são os pacientes com maior risco de infecção/doença invasiva por CMV e devem ser seguidos de perto.
Relatamos o caso de dois pacientes acompanhados no serviço de transplante renal do Hospital Federal de Bonsucesso, que evoluiram com infecção por CMV após mais de 10 anos de transplante.
Caso 1: paciente 37 anos, transplante renal doador falecido em 01/2004, com sorologia prévia positiva para citomegalovírus (CMV) IgG e anti HCV. Utilizado simulect no primeiro e quarto dias após o transplante como esquema de indução. Após 13 anos de transplante, o paciente retorna com quadro de diarreia crônica, há 3 meses. Realizado PCR para CMV, com resultado postivo, e colonoscopia que evidenciou quadro de colite ulcerada por CMV. Foi iniciado tratamento com ganciclovir por 21 dias, com resolução do quadro.
Caso 2: paciente 26 anos, transplante renal doador vivo em 10/2000, com sorologia prévia negativa e doador positivo. Evolui 17 anos depois com diarreia, febre, pancitopenia e piora da função renal. Realizado PCR para CMV, resultado positivo, e EDA que evidenciou múltiplas ulcerações em esôfago e estômago.
Embora pouco frequente no pós transplante renal tardio, a doença invasiva por CMV, neste relato , manifestada por colite/esofagite, deve ser lembrada no diagnóstico diferencial das diarréias agudas e crônicas nessa população.Os efeitos da infecção podem causar aumento de risco de infecções secundárias, aumento da rejeição aguda e da disfunção crônica do enxerto.
CMV, INFECÇÃO, TRANSPLANTE RENAL, TARDIO
Rim
Hospital Federal de Bonsucesso - Rio de Janeiro - Brasil
Isabela Pereira de Alcântara Ossaille, Livia Lima, Alvaro Borela, Denise Glasberg, Maria Izabel Holanda, Tânia Rios, Claudia Fagundes, Onofre Barros