Tumor de pele em pacientes com transplante renal: importância da azatioprina.
O câncer de pele corresponde a cerca de 40% dos tumores em transplantados. A incidência de tumor de pele (espinocelular ou basocelular) se correlaciona com a imunossupressão usada, a exposição ultravioleta e as características fenotípicas da pele.
Analisamos a ocorrência de tumor de pele através da revisão de prontuários dos pacientes (pcts) submetidos a transplante renal (TxR) entre 1982 e 2010.
Dos 157 TxR, 91 fizeram uso de azatioprina (AZA). A maioria dos pcts era de raça branca (92,3% e 7,7% de raça amarela) com 35,5 anos.
A ocorrência de tumor de pele se correlacionou com o uso de AZA, sendo que em 40/ 91 (44%) pcts com AZA e somente em 9/60 (15%) sem AZA ocorreu tumor de pele (p=0,0002).
Os tumores apareceram somente em pcts de raça branca.
Pcts em uso de AZA no momento do diagnóstico tinham 59,2 ± 12,8 anos (40-78 anos) e somente 17,5% tinham idade superior a 75 anos. No grupo sem AZA a idade era de 71,7 anos (42-85 anos) e 78% tinham idade acima de 75 anos. O tempo de exposição a AZA foi semelhante nos dois grupos (AZA 14,1 ± 8,7 anos VS sem AZA 16,2 ± 9,4 anos; p= 0,30).
O tipo de tumor mais comum foi espinocelular (71,2%). No grupo AZA 40% dos pcts tiveram tumor invasivos/metástases/recidivante e tal ocorrência foi semelhante no grupo sem AZA (33%) (p=0,71).
Em 17 (42,5%) pcts apesar da substituição de AZA para micofenolato ou inibidor da calcineurina, houve recorrência do tumor.
Houve um óbito em decorrência de hemorragia alveolar após radioterapia para o tratamento tumoral.
A incidência de tumor de pele é alta com o uso de AZA em pacientes TxR, principalmente em idosos, na raça branca e independente do tempo de uso do medicamento. A recorrência é muito alta apesar da suspensão de AZA. O uso prolongado de AZA deve ser contraindicado em TxR.
Tumor
Rim
Hospital Alemão Oswaldo Cruz - São Paulo - Brasil
Luiz Estevam Ianhez, David J B Machado, Emil Sabbaga