Dados do Trabalho

Título

Prevalência de bacteremia oculta em doadores de fígado em um centro no Rio de Janeiro

Introdução

Estima-se que 5% dos doadores falecidos tenham bacteremia não reconhecida no momento da captação dos órgãos. A transmissão dessas infecções para o receptor já foi documentada, e sua ocorrência associa-se a aumento de morbidade e mortalidade. Todavia, dados referentes à frequência de bacteremia oculta em doadores de órgãos em centros brasileiros são escassos.

Material e Método

Análise retrospectiva de série de casos de transplante de fígado com doador falecido, realizados no Hospital Adventista Silvestre entre 2016 e 2018. Foram excluídos da análise os casos em que não havia resultados de hemoculturas do doador disponíveis no centro de transplante.

Resultados

Entre os 206 transplantes incluídos no estudo, 91 (44%) apresentavam hemocultura do doador positiva. Em 41 destes casos houve isolamento de Corynebacterium spp. ou de Staphylococcus spp. coagulase-negativos, sugerindo possível contaminação da amostra. Entre os 50 (24%) casos com isolamento de patógenos relevantes na hemocultura, observou-se bactérias multirresistentes em 17 (8%). Houve apenas 1 caso com documentação de provável transmissão de infecção do doador para o receptor, causada por Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenemas. Não houve diferença significante na sobrevida 1 ano após o transplante entre os receptores de órgão de doadores com bacteremia oculta (83%) em comparação aos demais (75%; p=0,24).

Discussão e Conclusões

A prevalência de bacteremia oculta entre os doadores falecidos de fígado no centro estudado foi muito elevada, com isolamento de bactérias multirresistentes em uma parcela considerável dos casos. No entanto, a ocorrência de bacteremia oculta do doador não influiu na sobrevivência 1 ano após o transplante.

Palavras Chave

Bacteremia, transplante hepático, doador