Dados do Trabalho

Título

Fatores de risco associados a doença fúngica invasiva pós-transplante de fígado.

Introdução

A incidência de infecção fúngica invasiva (IFI) varia de 6 a 47% pós-transplante de fígado (TF), com alta mortalidade. Os principais agentes associados são Candida spp. e Aspergillus spp., e não existe consenso na literatura sobre os fatores de risco. Objetivos: identificar os fatores associados a IFI nos 1os 100d pós-TF; comparar a sobrevida de pacientes com e sem IFI; descrever os episódios de IFI.

Material e Método

Estudo retrospectivo caso-coorte, de transplantados de fígado no HCFMUSP de 2002-2017. Foram identificados os casos de IFI nos 1os 100d pós-TF através dos resultados de culturas. A coleta de dados foi realizada por consulta ao banco de dados e revisão de prontuários. Foram realizadas análises uni e multivariada, e curvas de sobrevida.

Resultados

No período estudado, foram realizados 1155 transplantes, com 84 casos de IFI e 282 controles. Até o momento, foram analisados 40 casos e 108 controles. A incidência de IFI foi de 7,3%. Não houve diferenças demográficas entre casos e controles. A mediana de dias para iniício de IFI foi 5 dias. Candida spp. foi responsável por 75% (com 11 casos de C. não-albicans) e Aspergillus spp. por 17.5%. O principal sítio de infecção foi líquido ascítico (20.9%), seguido por corrente sanguínea (13.5%). A mortalidade foi maior no grupo com IFI (45% x 14% p<0,001). Na análise multivariada, reoperação (p<0.001) e menor tempo de profilaxia (p=0.013) foram fatores independentes para IFI.

Discussão e Conclusões

Os fatores de risco para IFI pós-TF mais descritos na literatura são retransplante, hemodiálise, hepatite fulminante, coledo-cojejuno anastomose e reoperação. A nossa análise preliminar identificou reoperação e menor tempo de profilaxia como fatores de risco para IFI.

Palavras Chave

transplante de fígado; infecção fúngica invasiva; fatores de risco; candida; aspergillus