Dados do Trabalho

Título

Infecção por Pantoea agglomerans em receptor de transplante cardíaco - Relato de caso e revisão da literatura

Introdução

Pantoea agglomerans é uma enterobactéria ubíqua, associada a lesões por espinhos e soluções parenterais contaminadas, eventualmente implicada em infecções em imunocomprometidos.

Material e Método

Relatamos um caso de infecção por P. agglomerans em paciente transplantado cardíaco.

Resultados

Paciente masculino de 60 anos portador de miocardiopatia chagásica foi submetido ao transplante cardíaco em 06/01/2019 no HC/UFMG. Após indução com basiliximab e metilprednisolona, mantido em imunossupressão com tacrolimus, micofenolato mofetil e prednisona. No 48o dia após transplante evoluiu com dor, calor, edema e eritema inicialmente em sítio de cateter venoso femoral, com extensão da celulite para toda a coxa ipsilateral, nádegas e coxa contralateral, sem febre a princípio. Retirado o cateter e iniciados sulfametoxazol-trimetoprim, gentamicina e daptomicina com base no histórico de culturas. Hemoculturas de sangue periférico revelaram Pantoea agglomerans. Persistiu com sinais de inflamação em partes moles e surgimento de febre. Tomografia descartou coleções em planos profundos. Considerada possibilidade de reativação da Doença de Chagas, presumida pelo achado de tripanossomas em pesquisa direta em sangue periférico, sem realização de biópsia cutânea. Associado benzonidazol e mantido tratamento da P. agglomerans por 10 dias com moxifloxacina, com melhora progressiva da celulite.

Discussão e Conclusões

Infecção da corrente sanguínea por P. agglomerans é relatada em neonatos e pacientes onco-hematológicos, inclusive após transplante de medula óssea, mas não havia sido previamente descrita em transplantes de órgãos sólidos. Apesar da relação temporal entre a infecção de partes moles e o isolamento em hemocultura, não foi possível confirmar que a Pantoea foi a causa da celulite.

Palavras Chave

Pantoea agglomerans, infecção, transplante cardíaco