Dados do Trabalho

Título

Perfil da doença por citomegalovírus na ausência de estratégias de prevenção

Introdução

O citomegalovírus (CMV) é um dos principais responsáveis por infecções oportunistas em transplantados, logo as terapias de prevenção são universalizadas na atualidade. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil clínico da doença por CMV, na ausência de estratégias de prevenção, em transplantados renais induzidos com timoglobulina.

Material e Método

Trata-se de um estudo longitudinal com seguimento de 90 dias, entre os períodos de abril/2015 a julho/2016, sendo incluídos 100 pacientes. O diagnóstico da doença por CMV compreendeu sintomas sugestivos evidenciados após o dia 30 do transplante, associado a um qPCR log ≥ 4.0.

Resultados

A doença por CMV foi diagnosticada em 61% dos pacientes, por volta do dia 47 após o transplante, e com um qPCR médio de log 5.54. A mediana do tempo de tratamento foi de 35,8 dias, com uma taxa de recidiva de 13%. Apesar de uma frequência de doença menor no grupo com inibidor da mTOR, não houve diferenças quanto ao tipo de imunossupressor, seja inibidor de calcineurina ou inibidor da mTOR (p=0.19). Observou-se uma carga viral elevada nos pacientes com ciclosporina quando comparado ao tacrolimo ou inibidores da mTOR (p=0,01). Os pacientes com perfil sorológico de maior risco (receptor IgG negativo com doador IgG positivo) apresentaram maior tempo de tratamento (p=0.16). As taxas de retardo da recuperação do enxerto, de infecção bacteriana ou rejeição aguda clínica/subclínica foi semelhante entre doentes e não doentes. Apenas a creatinina ao final do primeiro mês apresentou-se elevada nos pacientes com doença (p=0.02).

Discussão e Conclusões

A doença por CMV apresentou uma frequência elevada em transplantados sob timoglobulina e na ausência de terapias de prevenção, porém sem impacto significativo na morbi-mortalidade.

Palavras Chave

Citomegalovírus, Transplante Renal