Dados do Trabalho

Título

Doença Linfoproliferativa Pós-Transplantação Renal: a experiência de duas décadas

Introdução

A doença linfoproliferativa pós-transplantação (PTLD) está associada a uma elevada morbi-mortalidade, pelo que é crucial o reconhecimento da sua incidência a fim de otimizar os cuidados prestados.

Material e Método

Estudo retrospetivo, unicêntrico, de 1144 transplantados renais (TR), entre julho-1999 e outubro-2018. Os casos de PTLD foram caracterizados clínica, histológica e laboratorialmente.

Resultados

Identificaram-se 8 casos de PTLD, 75%(n=6) no género masculino; 75%(n=6) com imunidade prévia para o vírus Epstein-Barr (EBV); a imunossupressão (IMS) de indução incluiu timoglobulina (TG) em 3 doentes e todos realizaram IMS manutenção tripla, incluindo inibidor da calcineurina (tacrolimus: n=6; ciclosporina: n=2). À data do diagnóstico: mediana de idades: 54 (37-69) anos; mediana de tempo pós-TR até ao diagnóstico: 84 (38-191) meses. Os subgrupos histológicos incluíram: 7 monomórficas (5 linfomas difusos de grandes células B, 1 linfoma de Burkitt e 1 linfoma de células T) e 1 Linfoma de Hodgkin Clássico. A forma de apresentação mais frequente foi a massa palpável (n=3). Ao diagnóstico, observou-se um agravamento de 0,1±0,2mg/dL na creatininémia com valores séricos de: tacrolimus médio 5,4±1,5ng/mL; ciclosporina 106 e 269ng/mL. A pesquisa de EBV nas células neoplásicas foi positiva em 37,5%(n=3). O tratamento consistiu na redução da IMS a todos e quimioterapia com intuito curativo em 75%(n=6) dos casos. A mortalidade foi de 50%, em mediana 46 (14-151) meses após o diagnóstico, todos com rim funcionante.

Discussão e Conclusões

Apesar da baixa incidência, os nossos resultados confirmam a elevada mortalidade associada às PTLD de início tardio, contudo sem repercussão significativa na função do aloenxerto. É essencial a adoção de medidas que visem o diagnóstico precoce, ajuste criterioso da IMS e tratamento atempado.

Palavras Chave

PTLD