Dados do Trabalho

Título

Transplante renal ABO-incompatível (TR ABOi): 4 anos de uma experiência pioneira em Portugal

Introdução

O TR ABOi emerge como uma resposta para o número crescente de doentes em lista ativa (LA) para TR, com outcomes similares ao TR ABO compatível. Neste estudo, reportamos a experiência portuguesa.

Material e Método

Análise retrospetiva dos TR ABOi de 2014-2018. O pré-condicionamento inclui: rituximab 1-3 semanas antes do TR; plasmaférese (PF) na semana anterior (a frequência depende dos Títulos de Isoaglutininas [TIS] - objetivo de ≤1:8 no dia anterior) e imunoglobulina anti-CMV. A imunosupressão engloba basiliximab, tacrolimus, MMF e prednisolona.

Resultados

Realizaram-se 10 TR ABOi; 80% dos recetores era do género masculino e a idade média (M) no TR foi de 43±10,6 anos. Seis doentes estavam em diálise (4 em HD, 2 em DP), com tempo M em técnica de 25±16,2 meses, e 4 eram pré emptive. Todos tiveram dador vivo aparentado; 1 doente tinha um TR prévio. A M de mismatches HLA foi de 2,1 ± 1; 2 pacientes tinham DSA anti-DQ em títulos baixos. Os TIS pré-sensibilização variaram entre 1:8-1:156; 80% dos recetores fizeram PF (M de 4,4 sessões). Apenas um doente apresentou uma complicação hemorrágica no período pós TR. Um doente sofreu uma rejeição humoral aguda na primeira semana, sem identificação de DSA e com TIS sempre <1:8. O tempo M de follow-up (FU) foi de 22,8 ± 13,8 meses. O valor M da creatinina sérica à data de alta foi de 1,59 ± 0,37 mg/dl e após FU 1,65 ± 0,42 mg/dl (TFG M cistatina C 56,4 ± 12,9 ml/min). No FU observou-se: viremia a BK vírus (n=1) e pielonefrite aguda do enxerto (n=1). A sobrevida do recetor e do enxerto foi de 100%.

Discussão e Conclusões

Em Portugal, apesar da amostra reduzida e do FU curto, o TR ABOi apresentou resultados favoráveis. É uma terapêutica viável na DRC terminal, permitindo que os doentes recebam um TR dador vivo e reduzindo o tempo em diálise, assim como a LA para TR dador cadáver.

Palavras Chave

TR ABOi