Dados do Trabalho

Título

Incidência de trombose de artéria hepática no transplante de fígado em adultos utilizando doadores pediátricos

Introdução

Os fígados de doadores pediátricos (DP) são idealmente usados para receptores pediátricos, porém eles são ocasionalmente alocados para receptores adultos. Existem relatos na literatura de maior incidência de trombose arterial (TA) em receptores adultos (RA) após o transplante de fígado (TF) com DP. O objetivo é comparar a incidência de TA entre RA após TF com DP e doadores adultos (DA).

Material e Método

Estudo retrospectivo de RA submetidos a TF no HC FMUSP no período de jan/2002 a abril/2019. Foram analisadas as características demográficas dos receptores e doadores, peso do enxerto, relação entre o peso do enxerto/receptor (GRWR) e ocorrência de trombose arterial. As comparações foram realizadas entre os DP (≤12 anos) e DA (>12anos). Diferenças entre os grupos para as variáveis quantitativas foram avaliadas através do teste chi-quadrado, considerando significativo p<0,05

Resultados

Um total de 1240 TF foi realizado durante o período do estudo, sendo 47 (3,7%) com DP. A média de idade dos doadores foi de 8,4 ± 2,7 anos para os DP e 40,3 ± 15 anos para os DA. A incidência de TA foi de 10,4% para DP versus 2,8% para DA (p=0,002) A mediana do GRWR nos DP foi de 1,3 (variação de 0,81 a 2,45). A média do GRWR dos DP que evoluíram com TA foi de 1,16± 0,19.

Discussão e Conclusões

A maior incidência de TA após o TF utilizando DP é bem documentada entre receptores pediátricos, sendo atribuída ao menor calibre da artéria hepática. Alguns estudos identificaram que a alocação de DP de fígado para RA também é um fator de risco para TA, com incidência variando de 3,6% a 12,9%. A GRWR<0,8 é outro fator de risco para menor sobrevida em 90 dias do enxerto de DP (39 vs. 9%). O presente estudo identificou maior incidência de TA de DP em relação aos DA, mesmo com GRWR >0,8.

Palavras Chave

Transplante de fígado, artéria hepática, trombose