Dados do Trabalho

Título

Fatores associados à não-aderência aos imunossupressores em transplante renal - Estudo multicêntrico ADERE BRASIL

Introdução

A não-aderência (NAd) aos imunossupressores é um fator de risco para piores desfechos clínicos e econômicos após o transplante renal (TR). O Brasil, que possui o maior programa de transplante público e de cobertura universal do mundo, é uma oportunidade única para entender os fatores multiníveis associados não-aderência (paciente, profissional de saúde, centro de transplante e sistema de saúde) independente da carga financeira dos pacientes.

Material e Método

Estudo transversal. Por técnica de amostragem com multi-estágios, incluímos 1.105 pacientes de 20 centros de TR. A NAd aos imunossupressores (fase de implementação) foi definida como qualquer desvio na tomada, no horário ou redução da dose avaliada pela BAASIS. Com base no modelo ecológico de Bronfenbrenner, analisamos 70 fatores multiníveis por regressão logística sequencial.

Resultados

A prevalência de NAd aos imunossupressores foi de 39,7%. Os fatores associados à NAd foram: no nível do paciente – ter parceiro estável (OR:0,73; IC:0,565‐0,95), tomar imunossupressores uma vez ao dia (OR:2,57; IC:1,23–5,37), NAd à frequência às consultas (OR:3,05; IC:2,07-4,48), NAd às recomendações de atividade física (OR:1,82; IC:1,37–2,43); no nível do centro de transplante: centros >500 leitos (OR:0,62; IC: 0,50‐0,77), insatisfação com a estrutura da sala de espera (OR:1,80; IC:1,38–2,33), duração da consulta >30 minutos (OR:1,60; IC:1,19-2,14), adequação da frequência de consulta (OR:0,64; IC:0,44–0,92).

Discussão e Conclusões

Este é o primeiro estudo multicêntrico a avaliando fatores multiníveis associados à NAd aos imunossupressores em pacientes com TR. Estratégias multiníveis para reduzir a NAd devem também abordar os cuidados pós-transplante, além daquelas direcionadas ao paciente.

Palavras Chave

não-aderência ao medicamento,transplante renal,fatores de risco,estudo multicêntrico