Dados do Trabalho

Título

Impacto da reconstrução da artéria hepática do enxerto no desenvolvimento de estenoses biliares

Introdução

As estenoses biliares (EB) constituem uma complicação frequente após transplante hepático (TH). A nossa unidade apresenta uma taxa elevada (38,1%) de EB. O presente estudo tem como objetivo determinar se as variantes da artéria hepática e a necessidade de reconstrução na banca têm influência no desenvolvimento de EB pós-TH.

Material e Método

Estudo retrospetivo e longitudinal. Entre 01/05/2012 e 31/12/2017 foram realizados 299 TH em recetores adultos. A amostra é de 116 TH, agrupada em casos (n=29) e controlos (n=85). O grupo de casos (GCA) incluiu os TH onde se realizou reconstrução da AH e no grupo controlo (GCO) foram incluídos os TH sem necessidade de reconstrução arterial. Foram colhidas e analisadas variáveis do recetor, dador, enxerto, procedimento cirúrgico e período pós-operatório. Foram comparadas as variáveis com o desenvolvimento de EB (follow-up mínimo de 6 meses). Estudo estatístico - margem de erro de 5%.

Resultados

O GCA revelou uma incidência total de EB pós-TH de 68,2%, superior à observada no GCO, 32,1% (p=0,018), sobretudo à custa de uma maior incidência de estenoses anastomóticas. O GCA também apresentou maior incidência de trombose intra-operatória da AH (p=0,042) e de complicações arteriais pós-TH (p=0,015), maior frequência de índices de resistência da AH <0,5 (p=0,015) e ainda uma taxa de re-TH superior (p<0,001). Verificou-se uma incidência de 22,4% de variações anatómicas da AH nos enxertos utilizados durante este período.

Discussão e Conclusões

Nesta série, a reconstrução ada AH influencia o desenvolvimento de EB pós-TH, o desenvolvimento de complicações arteriais e a taxa de re-TH A causa provável é a modificação do fluxo na AH no pós-TH, com efeito deletério na VB. Não foram identificadas outras casuísticas na literatura.

Palavras Chave

Transplante de Fígado; Estenoses Biliares; Reconstrução Arterial

Área

FÍGADO - Complicações