Dados do Trabalho

Título

A influência da lesão da via biliar do desenvolvimento de estenoses biliares não-anastomóticas pós transplante

Introdução

As estenoses biliares não anastomóticas (EBNA) são uma complicação frequente pós-transplante hepático (TH), com uma incidência elevada na nossa unidade. Este estudo pretende determinar qual a associação entre as alterações anatomopatológicas da via biliar do enxerto e o desenvolvimento de EBNA.

Material e Método

Estudo prospetivo realizado entre 01/08/2016 e 30/04/2018; colheita de amostras de via biliar (VB): VB1 (n=76) – VB do enxerto durante o tempo de isquémia (TI) fria e VB 2 (n=75) - VB do enxerto, imediatamente antes realização da anastomose biliar. As amostras foram avaliadas segundo os critérios histológicos de Hansen e Op den Dries. Compararam-se as características das VB e o desenvolvimento de EBNA, com um follow-up mínimo de 6 meses pós-TH. Avaliou-se ainda a relação entre os TI e a histologia do enxerto pós-reperfusão com as lesões histológicas da VB. Estudo estatístico – margem de erro de 5%.

Resultados

O desenvolvimento de EBNA depende da inflamação da parede ductal da VB1 (p=0,020). A necrose mural (NM) (p <0,001), a lesão das glândulas peribiliares profundas (GPP) (p=0,075) e a hemorragia da parede ductal (p=0,006) da VB2 são mais frequentes para graus de hemossiderose mais elevados. A lesão das GPP (p=0,082) e a NM (p=0,022) surgiram principalmente quando houve lesão de isquémia/reperfusão (I/R). O aumento do TI quente, relacionou-se com a lesão das GPP (p=0,076) e lesão do plexo vascular peribiliar (p=0,096), em VB2.

Discussão e Conclusões

A lesão histológica da VB que ocorre durante o TI fria influencia o desenvolvimento de EBNA. Verifica-se ainda a influência da hemossiderose, lesão de I/R e do TI quente nas lesões histológicas da VB. A identificação de fatores de risco para EBNA, é determinante para a melhoria dos resultados em TH.

Palavras Chave

Estenoses não anastomóticas da via biliar; Transplante de Fígado