Dados do Trabalho

Título

RELAÇÃO ENTRE OS ACHADOS MICROSCÓPICOS DA BIOPSIA DO ENXERTO E A OCORRÊNCIA DE DISFUNÇÃO PRIMÁRIA PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO

Introdução

A falencia do enxerto é uma das complicações mais temidas do transplante hepático (TH), apresentando diversos fatores de risco conhecidos. O objetivo deste estudo foi comparar o resultado das biópsias dos enxertos realizados durante o processo de captação, com os resultados dos transplantes.

Material e Método

Trata-se de uma coorte retrospectiva em que foram coletados dados de 380 TH realizados em dois hospitais terciários, por uma mesma equipe, durante os anos de 2015 e 2018. Foram comparados resultados das biópsias realizadas na captação com taxas de disfunção do enxerto, de acordo com os critérios de Olthoff.

Resultados

Foi evidenciado que os enxertos sem esteatose macrovesicular (presentes em 228 casos) apresentaram um fator protetor para disfunção (desenvolvida em 40,8%), enquanto os enxertos com esteatose severa (acima de 60% , presente em 11 casos), apresentaram uma maior probabilidade de evolução para disfunção (desenvolvida em 90,9%), com P de 0,03. Não houve diferença na incidência de disfunção entre a utilização de enxertos com pouca esteatose (1% -30%, presente em 129 casos) e com esteatose moderada (30% - 60%, presente em 12 casos). A presença de esteatose microvesicular, balonização ou fibrose perissinusoidal nas biópsias dos enxertos, independente do grau apresentado não influenciou na evolução para disfunção ou não-função de enxerto.

Discussão e Conclusões

Esse estudo demonstrou que somente enxertos com esteatose macrovesicular superior a 60% impactaram de forma negativa na função após o TH. A presença de outras alterações microscópicas, mesmo que em graus severos, não esteve associado ao aumento de disfunção ou não-função do enxerto. É provável que se a biópsia do enxerto por congelação fosse utilizada, um bom número de órgãos seriam descartados sem necessidade.

Palavras Chave

ESTEATOSE HEPATICA
DISFUNCAO DE ENXERTO