Dados do Trabalho

Título

Anticorpos dador-específicos (DSA) como indicação para biópsia renal (BR) – um dilema clínico

Introdução

A presença de DSA está associada a rejeição humoral que é uma causa importante de perda crónica do transplante renal. No entanto, a relevância clínica dos DSA é variável e a BR deve ser ponderada tendo em conta os seus riscos e benefícios.

Material e Método

Caso clínico: Mulher de 53 anos com doença renal crónica de etiologia indeterminada, submetida a transplante renal de critérios standard em 2007 (3 mismatches – 1A, 1B, 1DR). Teve alta sob imunossupressão (IS) com tacrolimus, micofenolato de mofetil e prednisolona. Abandonou a consulta em 2011, suspendendo a IS, na altura com uma creatinina plasmática (Pcreat) de 0,8 mg/dL.
Foi readmitida em 2018 no contexto de pielonefrite do aloenxerto. Apresentava deterioração cognitiva severa atribuída a doença cerebrovascular. Após tratamento da pielonefrite a Pcreat estabilizou nos 1,2 mg/dL. Foi diagnosticada tolerância operacional.

Resultados

Realizou-se pesquisa de anticorpos, identificando-se 4 DSA de novo (A34; B45; DQ7; DQ4) com MFI entre 2571 e 24990. Verificou-se que o anti-DQ7 era anticorpo fixador de complemento. O crossmatch por citometria de fluxo foi positivo para células T e B.
Pesados os riscos e benefícios, e na impossibilidade de obter consentimento informado, foi solicitado à comissão de ética parecer sobre a realização de BR para definir a estratégia terapêutica da doente, que neste momento aguardamos.

Discussão e Conclusões

Apesar dos DSA serem importantes marcadores, o seu significado deve ser questionado, principalmente perante uma função renal estável. Este caso destaca-se ainda pelo desafio imposto pela impossibilidade na obtenção do consentimento da doente, que limitou significativamente as opções diagnósticas e terapêuticas.

Palavras Chave

tolerância operacional; transplante renal; imunossupressão; anticorpos dador-específicos; biópsia renal; rejeição humoral