Dados do Trabalho

Título

Impacto da Realização de Cultivo do Líquido de Preservação sobre a Conduta Antimicrobiana após Transplante de Fígado

Introdução

Embora a contaminação do líquido de preservação (LP) tenha sido identificada como fonte de transmissão de infecção para receptores de transplante de órgãos, a utilidade do cultivo rotineiro do LP é controversa, pois a alta frequência de contaminação desse material, relatada em alguns estudos, poderia levar a grande aumento no uso desnecessário de antimicrobianos no pós-operatório. O objetivo deste estudo foi analisar a influência dos resultados do cultivo de LP sobre a conduta antimicrobiana após transplante hepático (TH).

Material e Método

Análise retrospectiva de série de casos de TH com doador falecido realizados entre 2016 e 2018 no Hospital Adventista Silvestre (Rio de Janeiro, RJ). Foram incluídos na análise apenas os casos com resultados disponíveis de hemoculturas (HCT) do doador e de cultivo do LP. Definiu-se como resultado relevante para a conduta antimicrobiana aquele em que o agente isolado na HCT ou no LP não fosse um microorganismo da microbiota saprófita da pele (ex. Staphylococcus spp. coagulase-negativo ou Corynebacterium spp.)

Resultados

Entre os 265 TH realizados no período, 165 preencheram o critério de inclusão. A proporção de isolamentos relevantes foi semelhante na HCT (n=40, 24%) e no LP (n=38, 23%). Todavia, em 21 casos (13%) houve isolamento de patógeno relevante apenas no LP (incluindo 6 bactérias multirresistentes). Em 6 outros (4%), isolou-se no LP patógeno relevante diferente do encontrado na hemocultura. Assim, em 17% dos casos os resultados do LP modificaram a conduta antimicrobiana.

Discussão e Conclusões

O cultivo do LP somado à HCT do doador aumentou o rendimento quanto ao isolamento de patógenos relevantes, resultando, por outro lado, em aumento moderado da utilização de antimicrobianos.

Palavras Chave

Líquido de preservação, infecção, doador, transplante hepático