Dados do Trabalho

Título

DIARREIA NO PÓS-TRANSPLANTE RENAL: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Introdução

A diarreia no pós-transplante pode traduzir infeção, efeito adverso da imunossupressão (IS) ou patologia gastrintestinal ou multissistémica, podendo constituir situação life-threatening (LT)

Material e Método

Mulher de 58 anos internada para transplante renal. IS de indução com basiliximab

Resultados

Ao 3º dia de pós-transplante inicia quadro de dejeção de fezes moles, com progressão para diarreia profusa, febre e PCR 21,5 mg/dL. Iniciou ciprofloxacina, contudo com disfunção do enxerto com necessidade de diálise, com necrose tubular aguda na biópsia. Exames culturais (hemoculturas, urocultura, coproculturas), serologias para Echinococcus, F. hepatica, T. spiralis, Microfilaria, S. stercoralis, Toxocara e Schistosoma, viremia de CMV e EBV e pesquisa C. difficile negativos. Suspendeu MMF e manteve ciclosporina. Endoscopia digestiva com gastrite e bulbite erosivas. Colonoscopia com erosão do reto. Biópsias duodenais com formas de Cryptosporidium e Microsporidium bem como inclusões de CMV. Biópsias do ileon e reto com formas de Cryptosporidium. Posteriormente, o exame parasitológico das fezes revelou oócitos de Cryptosporidium. Iniciou azitromicina, albendazol e valganciclovir, com resolução da diarreia e recuperação da função renal (Cr 1,3 mg/dL). Durante o quadro instalou-se pancitopénia, hipofibrinogenémia, hiperferritininémia (> 5000 ug/L) e hipertrigliceridémia (> 600 mg/dL), sugestivo de síndrome hemofagocítico (SH), com doseamento de receptor solúvel de IL-2 (CD25) positivo. Sob terapêutica para a duodenite e redução da imunossupressão assistiu-se a resolução do quadro

Discussão e Conclusões

As infeções por oportunistas podem manifestar-se por diarreia LT. O SH pode enquadrar-se no quadro infecioso ou ser despoletado pela IS. Tratou-se do primeiro caso de co-infecção tripla por estes agentes na nossa Unidade

Palavras Chave

diarreia