Dados do Trabalho

Título

Cirurgias abdominais de urgência no pós-operatório precoce do transplante de órgãos sólidos torácicos associam-se a maior morbimortalidade

Introdução

Cirurgias abdominais de urgência (CAU) são raras nos transplantes de órgãos sólidos torácicos e, muitas vezes, não relacionam-se à própria cirurgia ou ao enxerto. Dada a complexidade destes pacientes, podem resultar em elevada morbimortalidade. O presente estudo foi realizado para estimar a associação das CAUs na morbidade e mortalidade entre transplantados de pulmão (TP) e coração (TC) em um único centro.

Material e Método

Análise retrospectiva de coorte prospectiva de TP e TC entre 2009 e 2018 no Hospital Israelita Albert Einstein. Foi realizada a comparação entre pacientes que necessitaram CAUs (G1) e aqueles que não as necessitaram (G2) durante a internação para o transplante. Os desfechos principais foram morbidade e sobrevida global em 90 dias.

Resultados

Foram analisados 211 pacientes, dos quais 74 (35,1%) TP e 137 (64,9%) TC. 140 (66,4%) eram homens, com idade média de 50,6±13,5 anos. O diagnóstico pré-operatório mais comum entre os TP foi doença pulmonar obstrutiva crônica [25 (33,8%)], enquanto entre os TCs, o mais comum foi a miocardiopatia dilatada [40 (29,2%)]. 12 (5,7%) pacientes foram submetidos a CAUs durante a internação do transplante. O número total de complicações pós-operatórias (3,7±1,8 vs. 1,7±1,4, p 0,000) e o tempo de internação em UTI (25,1±19,2 vs. 12±11,4, p 0,039) foram superiores no G1. A sobrevida global média em 90 dias foi inferior no G1 [64,83 dias (IC95% 45,17-84,49) vs. 82,6 (IC95% 78,26-84,92), p 0.001), que apresentou risco relativo de óbito de 5,31 (IC95% 1.82-15.47).

Discussão e Conclusões

Embora raras nos transplantes de órgãos sólidos torácicos, CAUs associam-se a elevada morbi-mortalidade.

Palavras Chave

transplante cardíaco; transplante pulmonar; laparotomia; cirurgia urgência