Dados do Trabalho

Título

Monitoramento rotineiro para viremia EBV em uma população de receptores de órgãos. Vale a pena?

Introdução

As infecções virais são um grande risco a população de pacientes transplantados, sendo de maior relevância as infecções por citomegalovírus (CMV) e Epstein-Barr vírus (EBV). Neste contexto, muito pouco sabemos sobre a prevalência e epidemiologia da infecção pelo EBV e de suas relações com o frequente CMV na população de pacientes submetidos a transplante (Tx) no Brasil. Realizamos este estudo com o objetivo de avaliar a prevalência e a correlação entre as viremias de CMV e EBV em nossos pacientes transplantados em um hospital no sul do Brasil.

Material e Método

Acompanhou-se ao longo dos primeiros seis meses pós Tx, a viremia de EBV e CMV de 855 pacientes transplantados. Empregamos a técnica de PCR real time (qPCR, XGEN – Mobius Life Science) para quantificação da viremia, em cinco datas de coletas pós Tx, com um intervalo mensal entre as coletas.

Resultados

Da população de pacientes transplantados (n=855) 57,1% (488) são de rins, 0,1% (1) de pâncreas, 2,6% (22) de fígado, 0,7% (6) de coração, 3,9% (33) de pulmão e 1,4% (12) de medula. A frequência de casos positivos na viremia de EBV diminuiu no decorrer das cinco datas (D1: 49,8%; D2: 46%; D3: 39,5%; D4: 38,0% D5: 41,3%, p<0,001), enquanto a frequência de positivos para CMV aumentou (D1: 45,3%; D2: 52,4%; D3: 53,4%; D4 50,7%; D5: 59,2%, p<0,001). Não houve uma correlação entre as infecções por CMV e EBV nos diferentes tempos (r<0,1).

Discussão e Conclusões

O alto grau de infecção e viremia pelo CMV já é um fenômeno conhecido em população de transplantados. No entanto, a detecção de viremia EBV em quase 50% dos pacientes desta população é um dado preocupante, tendo em vista os riscos de desenvolvimento de doenças linfoproliferativas nestes pacientes. Nossos dados revelam a importância do monitormaneto rotineiro não só do CMV, mas também do EBV.

Palavras Chave

transplantes, CMV, EBV.