Dados do Trabalho

Título

Transmissão de coriocarcinoma em receptor de órgão sólido.

Introdução

Transplantes de órgãos e tecidos acarretam riscos de transmissão de doenças, sejam infecciosas ou neoplásicas.

Material e Método

Descrevemos o caso de uma paciente de 17 anos, doadora de órgãos, falecida por acidente vascular hemorrágico por má formação arteriovenosa. As informações transmitidas pela central estadual de transplantes (CET) era que a doadora não apresentava histórico de neoplasias, uso de drogas ilícitas e comorbidades prévias. A avaliação macroscópica dos enxertos não evidenciava nenhuma alteração. Somente o fígado e um dos rins foram transplantados.

Resultados

Paciente de 66 anos, feminino, portadora de cirrose criptogência e carcinoma hepatocelular, foi submetida a transplante hepático, sem intercorrências. Após 30 dias, a receptora do rim, do mesmo doador, foi diagnosticada com coriocarcinoma no enxerto. A receptora do fígado foi investigada e TC revelou lesões expansivas disseminadas pelo fígado e múltiplos nódulos pulmonares, sugestivos de implantes secundários e BHCG >255.000 mg/dL. Biópsia hepática compatível com coriocarcinoma metastático. Evolução rápida para óbito.

Discussão e Conclusões

Na literatura pesquisada, há relatos de poucos casos de transmissão de coriocarcinoma através de transplantes de fígado e rim. Nesse caso, o diagnostico provável da morte encefálica da doadora foi hemorragia por metástases cerebrais, corroborado pela posterior dosagem de altos níveis de BHCG no soro armazenado. Como as equipes transplantadoras, por lei, não podem se envolver com o processo de doação, é essencial que a CET realize uma história clínica detalhada sobre o potencial doador (PD) de órgãos. A partir desse relato, a CET estabeleceu que PD feminino, na idade fértil, realiza de rotina dosagem sérica de BHCG antes da liberação dos órgãos.

Palavras Chave

Coriocarcinoma; Transplante hepático