Dados do Trabalho

Título

Experiência na Transplantação Renal (TR) de receptores HIV positivos em Portugal

Introdução

O controlo da infeção por HIV com a terapêutica antirretroviral atualmente disponível permite equacionar a TR nesta população.

Material e Método

Estudo retrospetivo dos doentes HIV+ submetidos a TR em Portugal entre Novembro/2009 e Março/2019.

Resultados

Realizaram-se 31 TR em 30 doentes, idade média de 49,0±11,1 anos, 24(77%) do género masculino e 18 caucasianos. A infeção HIV (HIV2 em 5 doentes) era conhecida há 12,9±6,1 anos e 14(45%) doentes apresentaram critérios de AIDS/SIDA no passado; 6 com co-infeção HCV. O tempo em TSFR até à data da TR foi 8,2±4,9 anos, com causa da DRC desconhecida em 32% (n=10) e atribuída a nefropatia associada ao HIV em 32% dos casos; 24 doentes tinham >3 incompatibilidades com o dador e 7 exibiam anticorpos anti-HLA. A imunossupressão de indução incluiu Basiliximab em 19 doentes(61%) e Timoglobulina em 10(32%). Todos iniciaram imunossupressão de manutenção com tacrolimus, micofenolato de mofetil e prednisolona. A mediana do tempo de seguimento foi 5,0 anos. Diagnosticou-se rejeição aguda (RA) em 9 doentes (29%), 5 das quais mediada por anticorpos, todas no 1º ano pós TR. Apenas num caso de RA houve progressão para falência do enxerto após tratamento, ao fim de 3 anos.
Não se verificou escape viral ou aumento da incidência de infeções oportunistas.
A creatininemia média foi de 1,5±1,0 mg/dL (CKD-EPI: 51,5±26,9 mL/min/1,73m2). Registou-se um óbito por trombocitopenia refratária e outro por infeção H1N1 e aspergilose pulmonar, sendo a sobrevida global de 94%. A sobrevida do enxerto (censurada para morte) foi de 84%, incluindo 2 falências precoces de causa vascular.

Discussão e Conclusões

Apesar da taxa elevada de RA, a sobrevida do doente e enxerto foram semelhantes às descritas em séries em doentes HIV-, confirmando a eficácia e segurança da TR em doentes HIV+ selecionados.

Palavras Chave

HIV, Transplante, Rim