Dados do Trabalho

Título

Transplante Renal Cruzado em Portugal - Um exemplo de sucesso

Introdução

Até 30% dos pares de dador vivo não são transplantados por incompatibilidade ABO e/ou anticorpos contra antigénios HLA do dador (anti-DSA). Os programas de doação renal cruzada (PDRC) surgiram como uma estratégia para ultrapassar estas barreiras. Este tipo de transplante foi legislado em Portugal em 2010 e o primeiro TRC ocorreu em 2013. Foram efetuados 22 TRC e inscritos 100 pares no PDRC, dos quais 37 ativos (27 no CHP).

Material e Método

Análise retrospetiva de 22 pares de TRC entre 2013-19, efetuados em 4 dos 5 Centros envolvidos no PDRC.

Resultados

Da amostra total, a maioria era do sexo masculino (55%) e a idade mediana 50 anos. A mediana de FU foi 27 meses. A causa de DRC mais comum foi a DRPAD (20%) seguida da GNC (15%). Em 83% dos casos o motivo de inclusão foi a presença de anti-DSA, com apenas 3 casos de ABO incompatíveis (sem DSA). Três doentes apresentavam PRAc >98% e 10 com PRAc >80%. Indução de imunossupressão com ATG em 50% dos doentes e imunomodulação com rituximab e/ou PF em 15%. A sobrevida do dador e recetor foi de 100%, com mediana de creatinina do recetor à data da última consulta 1.05mg/dL. Não houve nenhum caso de rejeição celular aguda e apenas 1 de rejeição humoral. Não se registaram complicações major, com eventos minor em 15% (2 doentes com estenose da anastomose e 1 doente com uretero-hidronefrose). Todos os recetores tiveram função imediata do enxerto.

Discussão e Conclusões

A sobrevida dos dadores e recetores foi 100%. Estes resultados preliminares excelentes visam estimular o aumento do nº pares no PDRC. Uma das formas de aumentar a eficácia é a aceitação de dadores altruistas e a de pares compatíveis. O TRC pode ser ainda uma oportunidade única para doentes hipersensibilizados com PRAc elevado como parte significativa desta amostra.

Palavras Chave

Transplante renal cruzado, Programa de doação renal cruzada