Dados do Trabalho

Título

Impacto dos autoanticorpos associados à diabetes mellitus tipo 1 detetados pós-transplante na sobrevida do enxerto pancreático

Introdução

O transplante renopancreático (TRP) destina-se a doentes renais crónicos com diabetes tipo 1. Títulos crescentes ou emergência de autoanticorpos (Atc) pancreáticos foram associados à recorrência autoimune. O objetivo foi analisar o impacto dos Atc pancreáticos na sobrevida (Sb) do enxerto pancreático (EP).

Material e Método

Análise retrospetiva de 139 TRP entre 2000-17, com avaliação pósTRP dos Atc citoplasmáticos antiilhotas (ICA), anti-insulina (IAA), antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD).

Resultados

O sexo masculino foi predominante (n=72, 52%) e a idade mediana (m) 35 anos (a) (31-39). A m de FU foi 6,7 (4.1-9.2)a, 7 óbitos. Comparando doentes com e sem antiGAD pósTRP, não se observaram diferenças significativas na idade, sexo, Atc antiHLA, HLA MM e DSA préformado. Eventos aloimunes (ALI) (rejeição do EP e/ou formação de DSA de novo) ocorreram em 10% (n=14). A Sb do EP aos 15a foi melhor em doentes sem eventos ALI (96%), seguida dos ALI (69%) e autoimunes (AI) (63%) (p=0.025). O antiGAD associou-se à média anualizada da HbA1C% superior (p=0.006) e do pep-C inferior (p=0.013). Considerando status antiGAD pré e pósTRP, verificou-se que o aparecimento antiGAD de novo teve pior Sb do EP aos 10a, quando comparado com antiGAD sustentadamente negativo (63%vs100%,p=0.038), apresentando os doentes com antiGAD persistente (positivo pré e pósTRP) uma idêntica Sb face aos últimos (88%, p=0.111). AutoAtcICA (p=0.971) e IAA (p=0.408) não tiveram impacto na sobrevivência do EP.

Discussão e Conclusões

A deteção pós-TRP de antiGAD relacionou-se a maior disfunção pancreática e menor sobrevivência do EP. O aparecimento de novo pós-TRP do antiGAD parece conferir risco de falência do EP, podendo a sua monitorização ter um papel ativo no FU clínico.

Palavras Chave

Transplante renopancreático; Autoanticorpos pancreáticos; Sobrevida do enxerto