Dados do Trabalho

Título

Uso de doadores limítrofes no transplante hepático – há segurança para esta prática em nosso meio?

Introdução

Há clara desproporção entre o número de doadores disponíveis e a necessidade de transplante. Uma solução encontrada foi a utilização de doadores limítrofes. Avaliamos os transplantes de fígado (Tx) realizados com doadores limítrofes comparando-os frente aos ideais.

Material e Método

Análise retrospectiva de 67 Tx consecutivos realizados pela mesma equipe médica no Centro de Transplantes do Hospital Unimed Sorocaba (CETHUS) entre janeiro/16 e dezembro/18. Baseando-se no conceito de "Donor Risk Index" (DRI), idealizado por Feng et al, dividimos os Tx em dois grupos: Grupo 1 (Tx com doador limítrofe, DRI calculado >=1,7) e Grupo 2 (Tx com doador ideal, DRI calculado <1,7). A sobrevida de paciente foi o desfecho primário tendo sido calculada pelo método de Kaplan Meier.

Resultados

Dos 67 Tx, 4 ocorreram em caráter de priorização (2 re-Tx por Não-Funcionamento Primário do Enxerto - NFPE e 2 Tx devido à insuficiência hepática aguda grave) e foram excluídos da amostra. O Grupo 1 teve 30 Tx com cálculo de DRI variando entre 1,707 a 2,563 enquanto o Grupo 2 teve 33 Tx, com DRI variando entre 1,104 a 1,699. O Meld (calculado e corrigido) na data de seleção para o Tx não apresentou diferença entre os grupos. Em toda amostra ocorreram 2 casos de NFPE, ambos no Grupo 1 (6,7%). A taxa de sobrevivência entre os grupos não teve diferença significante, foi de 83,3% vs 78,8%, respectivamente, nos pacientes dos Grupos 1 e 2, e de 76,7% vs 75,7%, respectivamente nos enxertos.

Discussão e Conclusões

Os resultados mostram que o uso de doadores limítrofes, levando-se em consideração o conceito de DRI idealizado na década passada, não trouxe impacto negativo à sobrevivência dos pacientes nesta amostra. Neste estudo, o uso deste tipo de doador se mostrou seguro, independente da gravidade do receptor (expressa pelo Meld) no momento da seleção.

Palavras Chave

Doador