Dados do Trabalho

Título

Paracococcidiodomicose peritoneal pós-transplante de fígado

Introdução

Paracococcidiodomicose é uma micose sistêmica endêmica na América Latina de ocorrência rara pós-transplante de órgãos sólidos.

Material e Método

Relato de caso: Mulher de 47 anos, natural e procedente de Varginha (MG), portadora de colangite biliar primária, submetida a transplante de fígado por prurido intratável em out/17. Evoluiu com estenose de artéria hepática, com angioplastia e colocação de stent em jan/19. Em mar/19 foi admitida por dor abdominal súbita em abdome inferior, pior à esquerda. Trazia TC abdomen externa com suspeita de lesão expansiva em cólon transverso, próximo à flexura esplênica. Repetiu TC em nosso serviço que evidenciou lesões sólidas omentais, peritoneais e junto ao mesocólon transverso distal medindo até 3,3 cm, com a maior lesão em contato com o jejuno proximal e espessamento parietal, além de nódulos menores junto à grande curvatura gástrica, sugerindo processo neoplásico ou inflamatório/infeccioso. Foi realizada colonoscopia em mar/2019 com área enantematosa em cólon transverso. Biópsia revelou escassos granulomas com células gigantes multinucleadas e presença de estrutura fúngica com achado focal de brotamento e muitos eosinófilos sugerindo paracoccidioidomicose. Uma nova biópsia de peritônio guiada por TC foi realizada, com o mesmo resultado. A sorologia foi negativa.

Resultados

Iniciado tratamento com sulfametoxazol-trimetoprim 6 cp/dia com alta hospitalar. Fez exame tomográfico de controle um mês após, que evidenciou redução das lesões peritoneais.

Discussão e Conclusões

Existem 10 casos relatados em literatura de Pbmicose após transplante de órgãos sólidos (9 rim e 1 fígado), com apresentações variadas. O caso apresentado pode ter sido reativação de infecção primária na infância, já que a paciente morou em zona rural somente até os 15 anos de idade, em região endêmica.

Palavras Chave

blastomicose