CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

MELANOMA NAO-METASTATICO COM 35 ANOS DE EVOLUÇAO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

No melanoma, as fases iniciais estão associadas a um bom prognóstico, ao passo que a fase de crescimento vertical implica em baixa taxa de sobrevivência. A presença de metástase está relacionada com grande morbidade e mortalidade nos pacientes acometidos pelo melanoma.
Este relato descreve um caso de melanoma maligno não-metastático abordado após 35 anos de evolução em mulher branca de 67 anos e com história de exposição solar sem proteção ao longo da vida.

RELATO DE CASO

LMV, feminino, branca, 67 anos, lavradora, com história familiar positiva (filha) para Melanoma, atendida inicialmente em janeiro de 2012 no PAD (Programa de Atendimento Dermatologico in loco ), com lesão extensa em braço direito, feito BIN com exame anatomopatológico evidenciando Melanoma Maligno ulcerado com Breslow 2mm, encaminhada para o serviço oncológico de referência local para tratamento. Contudo, referiu que o atendimento foi negado, e por isso retornou ao PAD em 05/04/14 para tratar pelo serviço de cirurgia plástica e cirurgia oncológica do HUCAM (Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes). Queixava-se de manchas há 35 anos e nódulo no braço direito surgido há 2 meses. Negava sangramento, dor e prurido nas manchas, contudo relatava sangramento e dor no nódulo. Solicitado screening oncologico, sem evidencia de doença metastática.
Em 29/05/2014 foi submetida à ressecção tumoral com margem ampliada e linfadenectomia axilar direita nível I, com enxertia de pele abdominal. O resultado anatomopatológico revelou melanoma invasor, com 122 mm de extensão, com Clark IV, Breslow 5 mm, com áreas ulceradas, crescimento radial presente, índice mitótico de 3/mm², intenso infiltrado linfóide na base, satelitose presente, invasão vascular ausente, 09 (todos) os linfonodos livres, sem margens comprometidas, não foi observada metástases ganglionar. Apresentou bom pós-operatório, sem sinal de recidiva e alterações importantes, ainda em seguimento sem sinais de doença.

DISCUSSÃO

Trata-se de um melanoma atípico, indolente, comportamento muito distinto do padrão da doença, que é extremamente agressiva. Sabe-se que os melanomas podem exibir um ou dois padrões de crescimento, dependendo do seu estágio desenvolvimento. Sendo eles, o crescimento radial, comum nas fases iniciais do melanoma, que ocorre em melanomas in situ, ou melanoma microinvasivo. Nesse caso, apesar da longa data de evolução e tamanho da lesão, o componente de crescimento predominante, provavelmente, foi o radial, o que preveniu a paciente do surgimento de lesões metastáticas.
O mau prognóstico de uma lesão avançada não pode eliminar as tentativas terapêuticas disponíveis ao paciente baseada unicamente em estatísticas, pois este paciente em particular pode fazer parte daquela minoria estatística que não satisfará o prognóstico esperado e, se este o for positivo, a oportunidade de oferecer algo mais do que o determinado por diretrizes e protocolos em benefício deste paciente poderá ser perdida.

PALAVRAS CHAVE

Melanoma, não-metastático, metastatização

Área

PLÁSTICA

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - Espírito Santo - Brasil

Autores

PATRICIA HENRIQUES LYRA FRASSON, GABRIELA DE ANGELI DUTRA, ALOISIO VIEIRA SILVA